Mármores e granitos voltam com tudo para a “terra do Tio Sam”

EUA assumem protagonismo total no setor de rochas ornamentais e pequenas e médias empresas entram na disputa por exportação, como forma de suprir a baixa demanda local e impulsionar positivamente os números gerais desse setor, que é um dos pilares da base de exportação mineral brasileira.

Por Rodrigo Conceição Santos – 25.08.2017 –

Os EUA sempre foram os maiores compradores de mármores e granitos (rochas ornamentais) do Brasil. Mas nos últimos anos sua importância vinha diminuindo, dada a maior participação da China e de alguns países europeus, como a Itália. A China, inclusive, já é a maior importadora de bloco bruto e vinha ampliando sua importação de chapas (pedra já beneficiada). Rebobine a fita e lembre-se do vinha, porque hoje a terra do Tio Sam retomou o seu padrão de representatividade, comprando seis vezes mais que o segundo comprador de chapas, a mesma China. E para atender a esse cenário, volta também a supremacia total do Estado do Espírito Santo que, nos primeiros meses do ano, já foi responsável por 82% do lucro gerado com exportações brasileiras de mármores e granitos, segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Rochas Ornamentais (Abirochas).

Para os agentes desse setor, principalmente os capixabas, a movimentação é positiva diante do cenário econômico instável que ultrapassamos. O Estado é tradicionalmente o carro-chefe do setor e sinaliza para uma recuperação mais rápida do que o restante do país.

É nisso que acredita o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Espírito Santo, Leonardo de Castro. Em cerimônia de abertura da Cachoeiro Stone Fair – uma Feira de negócios do setor de rochas ornamentais que reúne principalmente o mercado brasileiro (há outra em Vitória voltada ao mercado mundial) – ele disse acreditar em crescimento de 4% nesse mercado capixaba. “Teremos o maior crescimento do setor no País”, afirmou.

E a prova disso, na sua visão, é que já há movimentos positivos, até nacionalmente. Um dos apontados por ele foi o crescimento superior a 12% nas vendas em maio. O valor total exportado nesse mês foi de US$ 105,5 milhões, contra US$ 93,7 milhões em maio de 2016, segundo a Abirochas.

No restante do ano, contudo, os números não foram tão animadores, mas para os agentes do setor, reservam otimismo. De janeiro a maio deste ano, a queda nas vendas foi de apenas 1,5%, com US$ 383 milhões exportados contra US$ 389 mi no mesmo período do ano passado (esperavam queda maior).

Desse total, os Estados Unidos foram responsáveis por US$ 307 milhões das exportações: são quase 80% de representatividade. A China, para efeito de dimensão, comprou US$ 49 milhões (cerca de 13%) e a projeção é reduzir ainda mais a sua representatividade, dada a sua redução na construção imobiliária, o maior comprador desse mercado.

Potencial internacional
A representatividade internacional que o setor de rochas ornamentais vem vivendo na última década era algo discutido incessantemente entre os seus agentes e passava invariavelmente por investimentos em tecnologia. Isso tem acontecido – menos do que se almeja – e a tendência é que se amplie, visando o atendimento não só do mercado internacional, mas também do local, assim que a economia e a construção civil retomarem patamares de crescimento.

Um extrato dessa oportunidade é que ainda há mercados onde o Brasil sequer tem participação. Historicamente, disse em artigo para a revista Rochas de Qualidade o especialista Carlos Rubens Araújo Alencar, presidente do Sindicato das Indústrias de Mármores e Granitos do Estado do Ceará, o Brasil não compete em 40% do mercado mundial de rochas ornamentais. Segundo ele, cerca de 15% dos mármores e granitos vão para serviços funerários, enquanto outros 10% para obras urbanas, 10% para obras especiais e 5% para outros usos. Além disso, ele sugere a participação de empresas brasileiras em obras internacionais, onde os marmoristas italianos dominam. “As nossas únicas ações de comercialização mais consistentes estão nos Estados Unidos, onde somos comprados, e na venda de blocos brutos para a China e Itália”, diz, demonstrando o potencial de mercado do setor.

Das tecnologias que permitem esse avanço, os teares multifio diamantados, que realizam o corte mais rápido e ecologicamente correto, são as principais. Hoje, o país conta com mais de 320 deles, espalhados em 80% dos beneficiadores de mármores e granitos do país.

A produtividade desses equipamentos é que enquanto o corte de um bloco por tear convencional demora cerca de 10 dias, com o tear diamantado é feito em menos de 5 horas.

Outros avanços estão no processo de extração, como a recém-importada perfuratriz SpeedROC 2FA da Atlas Copco. O equipamento é acoplado em escavadeira e totalmente operado por controle remoto, alcançando um volume de produção que é, no mínimo, duas vezes superior ao das perfuratrizes pneumáticas. Essa notícia na íntegra, inclusive com vídeo demonstrativo, pode ser visto clicando aqui.