Mercado de pisos e revestimentos no radar de players internacionais

Por Arnaldo Francisco Cardoso (*) – 09.05.2018 – 

O mercado de pisos e revestimentos no Brasil vem se mostrando cada vez mais dinâmico, ocupando as primeiras posições em todos os importantes rankings internacionais do setor cerâmico. Mesmo diante das dificuldades para a retomada do crescimento da economia brasileira, projeções para 2018 da Anfacer, associação nacional dos produtores de cerâmica, apontam crescimento de até 4,7% dos negócios do setor, podendo subir o volume de 775,4 milhões de metros quadrados (registrados no final do ano passado) para 812,1 milhões de metros quadrados.

Mesmo com diversificada oferta nacional de produtos de alta qualidade, produzidos por indústrias especialmente localizadas nos clusters de Criciúma (SC) e Santa Gertrudes (SP), além de Goiás, Alagoas, Espírito Santo e Minas Gerais, o mercado brasileiro atrai cada vez mais produtores estrangeiros de países pioneiros no setor como Itália e Espanha.

Apostando em diferentes estratégias de prospecção de mercados, buscando transformar vantagens comparativas em vantagens competitivas, produtores estrangeiros vem empreendendo ações dirigidas para importantes capitais brasileiras visando ampliar o conhecimento e consumo de seus produtos.

Nas últimas grandes feiras do setor, como a Expo Revestir realizada em março passado em São Paulo, as principais inovações apresentadas por fabricantes estrangeiros, com destaque para os italianos, são os chamados grandes formatos, peças de diferentes dimensões chegando a medir 1,80 cm por 3 metros e reduzida espessura, ainda pouco produzidas no Brasil, que permitem diferentes aplicações, que vão além dos usos convencionais para revestir pisos e paredes. Essas peças, com diferentes padrões, são indicadas para revestir bancadas, móveis, painéis, entre outras. Também as novas tecnologias tem permitido a produção de pisos antibactericidas, para aplicação em diferentes ambientes, domésticos e comerciais.

Identificando nichos de mercado, contando com a força da marca país e da habilidade de profissionais da área comercial treinados especificamente para a atuação no setor, empresas como a Fiandre, tradicional produtora italiana localizada na região da Emilia Romagna, presente no mercado brasileiro através de representante comercial exclusivo, vem apostando no envio de profissionais de alta qualificação para a apresentação de seus produtos e encaminhamento de negócios no Brasil.

Giovanni Baldoni, sales manager da Fiandre em visita recente a lojas e arquitetos em Goiânia, depois de missões em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Curitiba, conhecedor das peculiaridades culturais do consumidor brasileiro relatou, para o autor desse artigo que estuda o setor cerâmico brasileiro, a boa impressão obtida no contato com arquitetos e outros profissionais do setor em Goiânia, assim como em outras capitais, e salientou a importância de uma boa apresentação dos produtos, tanto em suas especificações técnicas quanto estéticas, para o melhor aproveitamento dos produtos em seus diferentes usos. Salientou também a importância na formação dos profissionais incumbidos da aplicação das placas cerâmicas, para uma eficiente valorização das peças e ambientes, maior durabilidade dos materiais e redução de perdas nos processos de instalação.

A estratégia descrita de empresas com atuação internacional como a da italiana mencionada, pode ter efeitos positivos no mercado brasileiro aumentando o conhecimento dos profissionais nacionais. O aprendizado com profissionais de países que representam a vanguarda do setor pode ajudar o país que, nas duas últimas décadas ganhou importantes posições no mercado mundial de cerâmica e cujo caminho pela frente exigirá cada vez mais agregar valor à sua atuação, para se manter entre os grandes no competitivo mercado mundial.

*Arnaldo Francisco Cardoso é professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie e lidera pesquisa sobre a cadeia produtiva da cerâmica no Brasil.