Mineradora de calcário duplica produtividade com ajuda de equipamentos móveis maiores

Por Rodrigo Conceição Santos – 08.04.2016 –

Empresa mudou método de detonação e adquiriu escavadeiras de 47 toneladas e pás carregadeiras de 18 t para agilizar o ciclo de carregamento na lavra e na pilha de britagem, e hoje produz 1,2 milhão de tonelada de calcário para agricultura ao ano.

 

Divulgação: Banco de Imagens Case Construction.
Divulgação: Banco de Imagens Case Construction.


Quando a Mineradora Bodoquena (MS) descobriu que era possível ampliar o espaçamento na malha de perfuração – de 1m por 3,5m para 2m x 5m – o processo da lavra mudou, exigindo equipamentos móveis maiores e outras ações para suportar um aumento de produção. Afinal, com o novo método, as bananas de dinamite não mais explodiam as bancadas de minério, lançando materiais ao longe. Mas sim implodiam, gerando volume de material maior. Consequência: a empresa adquiriu escavadeiras e pás-carregadeiras igualmente maiores, que reduziram o ciclo de carregamento na lavra e na pilha de britagem, ajudando a empresa a duplicar sua capacidade de produção, que hoje chega a 1,2 milhão de toneladas de calcário agrícola ao ano. Antes das mudanças, que envolvem outros segredos industriais, a capacidade era de 500 t/h.

Frederico Aranha, diretor de equipamentos da mineradora, conta que o novo método de perfuração – realizado por três perfuratrizes pneumáticas capazes de furar uma mina de 16 metros de profundidade em pouco mais de uma hora cada – começou em 2013. “Logo em seguida compramos a primeira escavadeira de 47 toneladas que hoje é, para nós, o mesmo que a internet e o celular para um cidadão metropolitano (imprescindível) ”, diz.

Com a escavadeira, o ciclo de carregamento dos caminhões basculantes ficou mais ágil. “Por consequência da detonação mais eficiente, as rochas extraídas passaram a ser melhor classificadas também, otimizando a operação do britador primário”, conta Frederico. “Por isso, um ano depois, compramos a segunda máquina de 47 toneladas”, completa.

A velocidade ganha no processo de extração e britagem, levou a equipe da Bodoquena a otimizar a moagem, elevando-o ao mesmo ritmo do restante da produção. Na ponta do processo, o calcário moído e pronto para seguir para as lavouras, também começou a formar pilhas maiores, o que, novamente, foi solucionado por um equipamento móvel. “Partimos para pás carregadeiras maiores, de 18 toneladas de peso operacional, em detrimento das máquinas de 10 t que usávamos anteriormente”, diz ele.

Para Carlos França, gerente de marketing da Case Construction Equipment, fabricante das escavadeiras e pás carregadeiras da frota da Mineradora Bodoquena, diz que a utilização de máquinas maiores em pedreiras tem virado uma realidade tanto em minas de calcário como em outras como a de mármores e granitos. O executivo também comemora o fato da família Aranha manter fidelidade com a marca, somando 16 equipamentos em sua frota, composta também pelas carregadeiras W20, de 10 toneladas de peso operacional, e que hoje são patrulha de reserva na operação.

Calcário
O maior volume de produção na Mineradora Bodoquena conta com outros segredos industriais que Antônio Aranha, pai de Frederico e fundador da empresa, diz ter-lhe rendido a fama de “mentiroso” entre os concorrentes. “Ninguém acredita que chegamos a produzir esse volume de 1,2 milhão t/a”, brinca. Antônio, aos 71 anos, é um personagem à parte, que venera o calcário como solução para correção de acidez em solos para agricultura, algo que vem revolucionando as lavouras, na sua opinião.

“O calcário do MS é poroso, diferente do tipo facetado que se encontra no Paraná, por exemplo”, adianta ele. “Por isso, o nosso material é mais eficiente e reage imediatamente após a aplicação na terra, corrigindo a acidez e permitindo o plantio de soja, milho e outras sementes instantaneamente também”, completa.

Segundo ele, o uso de calcário antes da aplicação dos adubos é uma forma eficiente e nacional de eliminar grandes quantidades de químicas usadas nos adubos estrangeiros para corrigir acidez. “O calcário é rocha, é natural da terra, não agride o meio ambiente como outros materiais”, defende.

A Mineradora Bodoquena compõe um mercado calculado em 33 milhões de t/a pela Associação Brasileira de Produtores de Calcário (Abracal). Esse volume, ainda de acordo com a entidade, pode ser duas vezes maior e a evolução produtiva e de qualidade deve ser o grande ativo para essa conquista. “O nosso produto, por exemplo, vem se desenvolvendo continuamente e hoje entregamos calcário com fator de correção de acidez de solo (PRNT) acima de 80%, o que é considerado excelente”, conclui Antônio Aranha.