Muito além do acesso à internet

InfraDigital (branded content) – 09.12.2020 – 

Provedores podem incluir soluções de comunicações e segurança eletrônica inteligentes em pacote de serviços.

Um pensamento recorrente no mundo dos negócios é a dificuldade de acesso à casa do cliente, pois ao chegar lá será mais fácil oferecer novos serviços. A máxima vale para o universo dos provedores regionais. O serviço inicial – acesso à internet – que faz parte do DNA dos ISPs (Internet Serive Providers) é somente a ponta do iceberg. Há uma infinidade de novos serviços que têm no provedor a principal fonte. O pacote vai desde a oferta de telefonia inteligente até recursos de segurança eletrônica que permitem monitorar remotamente casas e escritórios e, inclusive, abrir portas mesmo não estando no local.

A presença do provedor como parceiro de internet favorece a oferta de soluções de comunicações e de segurança eletrônica. Um exemplo que tende a crescer é do PABX na nuvem para escritórios pequenos e médios.

Daniel Moraes, analista de comunicações da Intelbras, destaca que a solução pode ser aplicada modularmente e de acordo com a demanda do usuário. E importante: o PABX na nuvem pode ser adotado pelo próprio provedor para atender sua área de call center ou outro setor administrativo ou ser empacotado como oferta para clientes corporativos.

O armazenamento de ligações, um histórico legalmente importante, pode ser oferecido como serviço adicional após a venda dos equipamentos. Mas a oferta é maior: serviços na nuvem permitem que o provedor reforce a expansão do home office em empresas que desejam manter parte da força de trabalho remotamente em casa. Tecnicamente isso é possível com a adoção de ramais em qualquer dispositivo móvel ou mesmo no computador do colaborador. Não é preciso mais manter um ramal físico para cada funcionário.

Armazenamento na nuvem pode ser vendido como serviço
Do lado do provedor, ele pode criar ramais específicos para seus técnicos de plantão, os quais, inclusive, não precisam ficar centralizados, uma vez que serão acessados e podem responder aos assinantes de qualquer ponto. O PABX na nuvem, é claro, dispensa a instalação de qualquer central na empresa. Ela migra para a nuvem, mas não perde as suas funcionalidades. Os ramais tornam-se flexíveis e podem operar de qualquer dispositivo, incluindo os telefones IP, se for o desejo do cliente corporativo. Um smartphone que tenha acesso a conexão de pelo menos 32 Kbps de download e upload pode perfeitamente funcionar como um ramal.

No caso de clientes corporativos, haverá a necessidade de se fazer um cálculo de reserva de banda para ter margem de segurança e qualidade. A transição também faz parte do jogo: se o cliente corporativo tem um sistema de telefonia e deseja mantê-lo, pode-se ativar um gateway como ponte para os dois mundos.

A criação de redes locais virtuais ou VLANs é outra flexibilidade de serviços complementares. É o caso de companhias que tem várias filiais. Elas podem adotar um número único, apesar do DDD diferente.

“As mudanças podem ser graduais, respeitando a infraestrutura já instalada”, reforça Moraes. Segundo ele, a preocupação constante – tanto para as ISPs como para clientes corporativos que têm call centers – sobre a gravação das ligações é um exemplo.

Elas são registradas e ficam armazenadas na nuvem de onde o usuário faz o download do arquivo e pode usá-lo como quiser.

Para quem necessita de terminais telefônicos, a boa notícia é que eles continuam existindo. E não só isso. Agregaram novos recursos, incluindo a compatibilidade com o IPv6 em alguns modelos. As empresas podem adotar esquemas de cores e incluir seu logotipo nas telas dos aparelhos, ativando ainda funções como gravação e agenda interna, entre outras.

Pode-se ativar o terminal como se fosse um miniswitch a partir de um único ponto de acesso. “O terminal se interliga à internet e passa a operar como uma ponte”, resume Moraes.

Smart boxes e controladores inteligentes avançam nos condomínios
Apesar de as características acima estarem num contexto corporativo, os terminais podem ser aplicados em residências e, mais ainda, em condomínios. O provedor regional amplia seu rol de serviços ao não se limitar ao acesso de internet, evoluindo para a oferta de telefonia.

Internamente, o próprio provedor pode disponibilizar softphones para seus técnicos e criar calendários de atendimento na nuvem, distribuindo plantões. O técnico do ramal 123, por exemplo, não precisa ficar preso ao seu terminal na empresa, pois o aparelho será uma ponte entre ele e o mundo externo.

Uma forma que o provedor tem de ampliar sua presença na casa de seus assinantes é ofertando as chamadas smart boxes. Trata-se de um dispositivo que permite o acesso a mídias digitais. Se a TV do usuário não for um modelo inteligente, é possível turbiná-la com a smart box e passar a ter a assinatura de serviços de conteúdo. “Lembrando que a assinatura de serviços de streaming tem uma regulamentação e o provedor precisa conhecê-la para atender as normas especificadas pela Anatel”, ressalta Moraes. “O mais difícil ele já fez ao entrar na casa do assinante com o serviço de internet”, completa o especialista da Intelbras.

E, estando dentro da casa, surgem outras possibilidades como a dos controladores. Estramos falando de dispositivos que trazem inteligência e que permitem a ligação e desligamento de luzes ou de bombas de água que abastecem a casa, entre outras funções. Isso é possível com a ativação de controladores inteligentes de carga. Do ponto de vista do cliente, o provedor regional passa a ser visto não mais como um mero fornecedor de internet, mas sim como um parceiro de tecnologia, que pode turbinar a casa com novas tecnologias.

E sem mexer ou precisar instalar novas redes. Dispositivos inteligentes como esses dispensam redes dedicadas e exigem um baixo tráfego para funcionar, pois operam com comandos baseados na troca de mensagem ou de texto. E nem exigem muitas velocidades, mas precisam de latência baixa, uma vez que vão acionar comandos, os quais, em vários casos, precisam ser feitos no ato. “Basta ter uma rede Wi-Fi de qualidade ou uma infraestrutura cabeada também de qualidade”, lembra Moraes.

 

Segurança eletrônica é outra fronteira para a oferta de serviços
Adicionalmente ao portfólio de comunicação, a oferta dos provedores pode avançar para a área de segurança eletrônica. Dário dos Santos, analista de CFTV IP da Intelbrás, lembra que a empresa tem um histórico nesse segmento e pode ser um parceiro chave das ISPs. Primeiro porque os provedores podem usar os recursos de CFTV tradicional ou IP para proteger seus ativos e monitorar quem teve acesso a áreas importantes como os centros de operação de redes (NOC) ou aos pontos de presença (PoPs).

Por outro lado, os provedores podem atuar como integradores dos novos serviços ou terem parceiros de integração para áreas que não desejam atender diretamente com serviços, caso da instalação de videoporteiros inteligentes. Em exemplos como esse último a participação, inclusive, precisa ser restrita.

Normalmente os clientes residenciais ou corporativos querem apenas comprar os dispositivos inovadores e manter toda a organização de senhas e de acessos com eles mesmos. Aliás, é o recomendável segundo Dário.

As inovações do mundo de circuito fechado de TV, o nome completo da sigla CFTV, são duas letras: IP. Diferente do CFTV tradicional, que opera com gravadores do tipo DVR que processam a imagem além de gravá-la, o mundo dos CFTV IPs é singular e tem uma arquitetura que envolve câmeras IPs com inteligência, que se incumbem do processamento da imagem e que mandam os dados para um NVR. Ou seja, estamos falando de câmeras com recursos inteligentes cada vez maiores, com modelos para residências e outros para aplicações corporativas.

Dário lembra que o provedor pode avançar mais, inclusive ajudando seus clientes a especificarem o tipo de câmeras desejadas. Do ponto de vista da instalação, Dário lembra que a ativação de câmeras funciona similarmente ao de outros dispositivos para a rede de acesso à internet. Com isso, técnicos com conhecimento em telecomunicações podem ser aperfeiçoados para uma atuação mais ampla na oferta de CFTV. “Os modelos de negócios podem ser pensados caso a caso, mas é certo que as ISPs têm um mercado enorme de novos serviços ou venda de equipamentos”, finaliza.