Niterói já opera o primeiro (BHLS) da América Latina, sistema inteligente de transporte urbano

Redação – 24.10.2019 –

Sistema terá corredor de 12 km, com 11 estações e frota de 40 ônibus com ar-condicionado segundo CAF, banco que financia o projeto

Depois do BRT, sigla para ônibus rápidos da sigla em inglês, agora um novo conceito de mobilidade urbana chega ao Brasil. Trata-se do Bus with High Level of Service (BHLS) ou serviço de ônibus com alto nível de serviço. Antes de avançarmos, justiça seja feita que o BRT, apesar do nome em inglês, é uma criação genuinamente curitibana. Voltando ao BHLS de Niterói, estamos falando no primeiro sistema desse tipo da América Latina, cujo projeto completo terá corredor exclusivo de 12 km de extensão, 11 estações de transferência e uma nova frota de 40 ônibus com ar- condicionado, internet gratuita, bilhetagem eletrônica, GPS integrado e indicação sonora dos pontos de parada.

De acordo com o CAF, banco que financia o projeto, a ideia do BHLS é ser um “ônibus de alto nível de serviço, focado em melhorar a experiência do viajante e em proporcionar-lhe maior conforto, acessibilidade e confiabilidade”. Os benefícios do programa para a população já estão sendo medidos: segundo a Secretaria de Planejamento Urbano e Mobilidade de Niterói, a primeira etapa do corredor BHLS gera uma economia de 21 minutos/passageiro nos tempos de viagem.

Primeira etapa reduziu tempo de transporte em 20 minutos 

Os cálculos do CAF vão além, ao considerarem que o rendimento médio desses usuários é de aproximadamente USD 5 por hora, o programa está gerando uma economia de USD 1,58 por passageiro por dia, equivalente a USD 488 por ano. “Multiplicando esses números pelos atuais 20 mil usuários, chega-se a uma economia de USD 9,76 milhões por ano. Esses cálculos não incluem os benefícios associados à redução de acidentes rodoviários e à emissão de gases de efeito estufa (externalidades positivas) que os sistemas de transporte coletivo obviamente geram”, detalha Diego Vettori, em artigo publicado no site do CAF.

No caso de Niterói, o BHLS foi especificado para contornar a geografia da cidade, cuja região oceânica está confinada entre o mar e uma área montanhosa de preservação ambiental. Em função disso, havia um isolamento dessa região dos principais polos econômicos (de empregos) e de serviços (escolas, hospitais, universidades) distribuídos pelo centro da cidade e pelo município vizinho do Rio de Janeiro. Como resultado, sua população se acostumou a longos tempos de viagem.

O BHLS tem como meta, portanto, ampliar a oferta de transporte público e reverter o processo de degradação ambiental, especialmente nessa região, por meio de intervenções em vias, transporte de massa, ciclovias, requalificação urbana e recuperação de áreas deterioradas. Para transpor a barreira física, foi construído o Túnel Charitas, uma obra sonhada desde os anos 1950, que possibilitou encurtar distâncias entre os bairros e os polos econômicos e de serviços. A nova via, por sua vez, foi aproveitada para a implementação do BHLS Transoceânico, nome oficial do projeto.