O impacto do roubo de energia para o bolso do consumidor

Rodrigo Pereira (*) – 31.07.2019 – 

A indústria brasileira já convive há tempos com os impactos econômicos do aumento do custo de energia elétrica. E o roubo de energia tem agravado ainda mais esse cenário, uma vez que, além de acarretar riscos de acidentes graves para a população, também onera o consumidor final, uma vez que este desvio é repassado para a tarifa de energia.

De acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), as fraudes no Brasil são gigantescas, representando mais do que 31,5 mil gigawatts, quantidade suficiente para abastecer o estado de Santa Catarina por um ano, por exemplo. Além disso, segundo a Associação Brasileira de Distribuidores de Energia, a ligação clandestina é considerada a segunda maior causa de morte no país relacionada à energia elétrica. Esse tipo de ocorrência já foi responsável por um prejuízo de R$ 4,5 bilhões e, se não houvesse esta perda de energia, a tarifa poderia ser aproximadamente 5% menor, de acordo com o Instituto Acende Brasil.

Para a concessionária, o principal problema decorrente do roubo de energia é o financeiro. Além disso, existem defeitos em equipamentos provocados por um mau dimensionamento, uma vez que dificulta estimar o consumo em determinadas regiões, caso elas tenham sido fraudadas. O furto gera ainda um aumento no tempo de trabalho dos colaboradores em campo para corrigir as instalações com fraude.

Como evitar o roubo de energia
Para resolver a questão do furto de energia as concessionárias têm investido em soluções inteligentes que monitoram a energia consumida X a registrada de maneira online, facilitando então o controle e a identificação dessas fraudes. O avanço da tecnologia permitiu o desenvolvimento de equipamentos capazes de identificar com precisão onde ocorrem os furtos. Desta forma, as concessionárias conseguem não só diminuir as perdas por roubo, mas também melhorar a redistribuição de energia e a qualidade dos equipamentos da rede, reduzindo a tarifa para o consumidor final.

A tecnologia tornou-se grande aliada no combate ao roubo de energia na medida em que ajuda as concessionárias nessa identificação do local exato da fraude. Assim, não é preciso quebrar paredes ou danificar estruturas para encontrar onde está ocorrendo o desvio. A fraude é identificada mais rapidamente e sem prejuízos estruturais e a correção é feita.

Apesar de a ANEEL levar em consideração o valor da energia furtada e os custos para identificar e coibir as irregularidades quando estabelece o quanto a energia custa para cada consumidor, as fraudes pioram consideravelmente a qualidade do serviço prestado. As ligações clandestinas sobrecarregam as redes elétricas, deixando o sistema de distribuição mais suscetível a interrupções no fornecimento de energia.

* Rodrigo Pereira é Gerente de Contas da Fluke do Brasil do segmento de energia,.