Sabesp usa microturbinas para manter Internet das Coisas

Da Redação – 02.01.2018 –

Com tecnologia israelense, a concessionária usa a própria água para energizar sensores inteligentes e as válvulas de redução de pressão, que são parte da malha de IoT da companhia

A Região Metropolitana de São Paulo tem cerca de 73 mil km de tubulações de água, uma rede cuja eficiência pode ser otimizada com a ativação de sensores inteligentes para medição de pressão, vazão e qualidade. Com eles em campo, a Sabesp pode coletar dados em tempo real de sua infraestrutura, como também remotamente comandar válvulas redutoras de pressão. Sonho? Na verdade, não. Sistemas como esses podem enviar dados via rede sem fio o tempo todo, mas precisam de uma componente importante: baterias para mantê-los ligados. Embora os fabricantes garantam que as baterias tradicionais para sistemas de Internet das Coisas (IoT) durem décadas, existem alternativas. E a concessionária paulista está testando uma delas.

No caso da Sabesp, a empresa adotou o conceito de microturbinas, tecnologia israelense aplicada no Brasil pela ATME Eco Solutions, em dois projetos pilotos na capital paulista. O princípio de funcionamento é simples: a microturbina é instalada na tubulação padrão de quatro polegadas e sua geração de energia acontece pela movimentação da água da própria rede. É como se tivéssemos uma Itaipu, mas em dimensões nano. Com a energia gerada pela água, as microturbinas podem alimentar baterias não-químicas que, por sua vez, alimentam os equipamentos de telemetria que coletam os dados.

Segundo a Sabesp, os dois projetos pilotos enviam dados de 15 em 15 minutos, um tempo bem menor comparado ao envio a cada seis horas em sistemas de telemetria onde estão ativados sensores e outros dispositivos que usam baterias químicas tradicionais. Como essas últimas são perenes, quando menos acionadas, melhor.

Além da vida útil limitada, a retirada das baterias é outro passivo ambiental que deve ser enfrentado. A remoção exige técnicos especializados e o descarte tem que ser feito por empresas que despacham os materiais usados para aterros sanitários. “O descarte de baterias convencionais exige, ainda, uma operação logística complexa que pode consumir um bom tempo, conforme a dificuldade de acesso, uma vez que equipes se deslocam até os locais onde as baterias estão afixadas ao longo da rede subterrânea”, explica Avi Meizler, CEO da ATME Eco Solutions.

De acordo com ele, somente nas regiões centro e oeste da capital, a Sabesp descarta quase 160 baterias por ano. Meizler destaca ainda que o controle inteligente da pressão da rede pode influenciar na redução do índice médio de perdas de água tratada no Brasil. Hoje, segundo o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), ele chega a 37%, lembrando que é uma média, o que significa que existem concessionárias com perdas ainda mais significativas.