Transporte metroferroviário reduz custos de acidentes em R$ 820 milhões por ano

Redação – 07.06.2019 – 

E ainda diminui consumo de combustível fóssil em cerca de 1 bilhão de litros, segundo ANPTrilhos

As estatísticas de violência no Brasil são alarmantes, mas o trânsito ainda mata mais. São Paulo e Minas Gerais lideram a lista com 5.462 e 4.127 sinistros pagos por acidentes fatais no trânsito contra 3.464 e 3.234 óbitos por crimes violentos, respectivamente. Uma solução é o investimento dos gestores públicos no planejamento integrado da mobilidade urbana. Pelo menos é o que defende Roberta Marchesi, diretora executiva da Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos (ANPTrilhos) no balanço que fez sobre a campanha do Maio Amarelo.

“Com o tamanho e o adensamento dos nossos centros urbanos não se pode mais pensar em mobilidade de forma isolada, tendo como única alternativa os velhos sistemas dependentes de veículos automotores”, diz Roberta. “É preciso unir a sociedade, seus líderes e governantes, na busca por avançar com as soluções, para evitar o colapso iminente da mobilidade nas metrópoles e os reflexos negativos gerados por ela”, complementa a especialista, que é mestre em Economia e Pós-Graduada nas áreas de Planejamento, Orçamento e Logística.

Uma das propostas da ANPTrilhos, que congrega os operadores metroferroviários brasileiros, é a estruturação dos grandes fluxos de transporte, adotando-se um modelo que garanta a fluidez dos milhões de deslocamentos diários, organizando-os em corredores de alta capacidade, capazes de dar agilidade aos deslocamentos com regularidade e segurança. E esses corredores, essencialmente metroferroviários, devem estar interligados com os demais modos de transporte da cidade, nas primeira e última milhas, buscando criar uma verdadeira rede inteligente e eficiente de transporte.

Trilhos urbanos no Brasil transportam quase 11 milhões de pessoas por dia 

Na avaliação de Roberta, a implantação de trens, metrôs e VLTs contribui para amenizar os congestionamentos, para reduzir o número de acidentes de trânsito e os custos com internações hospitalares. E esses resultados são obtidos porque o transporte sobre trilhos é capaz movimentar grande número de passageiros e tem baixíssimos índices de acidentes, contribuindo significativamente para a qualidade de vida da população e a qualidade ambiental das cidades.

Transportando quase 11 milhões de pessoas por dia, os trilhos urbanos colaboram com a retirada diária de 1,3 milhão de carros e 18 mil ônibus das ruas, nas cidades onde estão implantados, proporcionando redução de R$ 820 milhões em custos com acidentes, em termos de diminuição de ocorrências e gastos com saúde pública. Além disso, geram economia de 1 bilhão de litros de combustível fóssil e evita a emissões de 2,4 milhões de toneladas de poluentes na atmosfera anualmente.

A diretora executiva lembra, no entanto, que mobilidade urbana não trata de veículos, mas de pessoas. “São pessoas que se acidentam; pessoas que perdem tempo em congestionamentos e transporte público ineficiente; e são pessoas que ingerem diariamente, mesmo sem perceber, milhares de poluentes atmosféricos”, diz. “Precisamos perceber que investir em planejamento e mobilidade urbana tem reflexos muito além da malha de transporte em si, pois ele gera reflexos positivos sobre a economia local, reduzindo gastos públicos com saúde e aumentando arrecadação com valorização imobiliária”, conclui.