Vendas de cimento crescem 6,5% no semestre

Redação – 10.08.2020 –

Entre janeiro e junho, as vendas do mercado interno de cimento cresceram 6,5%, chegando a 32,9 milhões de toneladas. A comparação é com o mesmo período do ano passado e teve no mês de junho o melhor desempenho comparativo do ano, com crescimento de 18,9% em relação a junho de 2019. De acordo com o Sindicato Nacional da Indústria de Cimento (Snic), o resultado positivo se deve à chamada autoconstrução, que é quando o proprietário de obras residenciais e comerciais tocam suas obras independentemente ou com a ajuda de profissionais autônomos.

A continuidade de obras do setor imobiliário também colaborou para o saldo positivo que, mesmo após meses de crescimento, o setor ainda se mantém desconfiado com a previsibilidade da construção civil no país. “Apesar da preocupação com as incertezas que cercam a construção civil no segundo semestre, principalmente pela ausência de novos lançamentos imobiliários e o aumento do desemprego, enxergamos o desempenho do setor até agora de forma bastante positiva. Seguimos em uma trajetória ascendente que se iniciou em 2019 depois de quatro anos de queda, uma capacidade ociosa acima dos 45% e fechamento de 20 fábricas e dezenas de fornos acarretando numa brutal queima de capital. Esta recuperação ainda é pouco perto do prejuízo acumulado, mas já enxergamos um novo momento para a indústria do cimento no país”, diz Paulo Camillo Penna, presidente do Snic.

De acordo com ele, apesar de um primeiro trimestre do ano com registro de queda pela demanda de cimento, em virtude das fortes chuvas de janeiro e fevereiro e do início do isolamento social e das restrições de circulação em março, foi no segundo trimestre que o setor começou a notar a retomada do consumo. O mês de abril, ainda que negativo, teve resultado melhor do que o projetado e o crescimento surpreendente veio a partir de maio, impulsionando os resultados do semestre.

Na autoconstrução, o fato dos lares se transformarem ao mesmo tempo em local de trabalho e de lazer, despertaram a vontade em promoverem pequenas melhorias em suas casas. Em paralelo, aproveitando a paralisação forçada pela pandemia, micro e pequenos empresários também resolveram executar as reformas e manutenções em seus estabelecimentos, a fim de se prepararem para a retomada das atividades e se adequarem ao novo. Os indicadores de vendas das lojas de materiais de construção demonstram isso com crescimento de dois dígitos há mais de três meses.

Com relação ao mercado imobiliário, a retomada das obras dos empreendimentos segue a todo vapor e apenas 2,9% das obras permanecem paralisadas, sendo que cerca de 63 mil trabalhadores estão ativos nos canteiros de obras do país.

A ausência de novos lançamentos e o baixo nível de estoque de empreendimentos imobiliários no país, somados a ausência de grandes obras de infraestrutura continuam sendo a preocupação do setor, impedindo uma visão mais consistente para a indústria até o final do ano.

Para o Snic, será preciso analisar os efeitos da pandemia de Covid-19, da continuidade ou não do benefício de renda extra do Governo Federal, do comportamento dos dados de desemprego que mostram uma preocupante tendência de aumento, além da confiança de empreendedores e consumidores para ter visão mais clara de toda a situação, principalmente para o último trimestre do ano.

“De imediato, voltar os olhos aos investimentos em infraestrutura é fundamental para o desenvolvimento econômico do país. Se isso não acontece, faltam empregos, a inflação sobe (como consequência da alta no valor dos itens, puxada pela lei da oferta e da procura) e todas as operações comerciais são prejudicadas. Por isso, é imprescindível que os projetos saiam do papel e as obras sejam retomadas”, defende a instituição.

Outro ponto abordado é a definição do governo federal em relação ao novo programa habitacional. “Temos acompanhado de perto e aguardamos com grande expectativa o lançamento do Casa Verde Amarela, que deverá alavancar com mais força o mercado imobiliário e de reformas e reiniciar para os próximos dois anos obras de mais de 100 mil unidades habitacionais que até então estão paralisadas”, diz Paulo Camillo Penna.

Todo esse encadeamento, segundo ele, precisa acontecer e estar na pauta do governo, pois além de ser importante para a cadeia da construção é vital para alavancar a geração de empregos e renda, no momento que é anunciado um acréscimo do desemprego no país de 12,2% para 13,3% em junho. Somente a indústria do cimento é responsável por mais de 70 mil empregos (para cada emprego direto são gerados 4 indiretos). O setor gera uma renda de R$ 26,4 bilhões ao ano e uma arrecadação líquida anual de R$ 3 bilhões em tributos.