Redação – 03.07.2020 –
A Lei de Segurança das Barragens (PL 550/2019), aprovada pela Câmara no final de junho e retornou ao Senado. O projeto estabelece maior controle sobre as barragens e endurece penas em caso de crimes ambientais que causem morte. Entre as medidas, proíbe a construção de novas barragens pelo método de alteamento a montante – quando se forma uma espécie de escada cujos degraus são feitos a partir dos rejeitos da mineração. Às existentes, será dado um prazo até fevereiro de 2022 para que sejam descaracterizadas. Entretanto, esse prazo pode ser prorrogado pela Agência Nacional de Mineração (ANM), caso seja constatada inviabilidade técnica para a execução do serviço nesse tempo.
“As técnicas e tecnologias aplicadas para a descaracterização ou descomissionamento de uma barragem podem variar de acordo com as condições específicas de cada uma delas. Portanto, é preciso estudá-las isoladamente para que seja elaborado um projeto de engenharia totalmente customizado, a partir de uma avaliação rigorosa dos riscos que uma intervenção em sua estrutura pode oferecer e, assim, ser possível mitigá-los. Ou seja, em alguns casos, para que o trabalho seja realizado com total segurança, o prazo até fevereiro de 2022 pode ser realmente insuficiente”, diz Leo Cesar Melo, CEO da Allonda. A empresa de engenharia foi responsável por projetos de remediação em Brumadinho e Rio Doce após o rompimento de barragens.
De acordo com o executivo, é preciso levar em consideração, entre outros fatores, o tipo de construção da estrutura da barragem, o material contido no reservatório e a região que está o barramento, por exemplo. Melo ressalta que o principal desafio está, geralmente, na estabilidade da estrutura, já que o trabalho implica em vibrações e esforços extras que podem desestabilizar o maciço e promover sua ruptura. “Projetos de descomissionamento precisam ser muito estudados. Apenas uma engenharia de ponta é capaz de executar essas obras com o menor risco possível, já que dependendo do material armazenado no reservatório e a forma de contenção utilizada, qualquer falha pode causar graves impactos ambientais, sociais e econômicos”, alerta o executivo.
Se o texto do PL for aprovado pelo Senado, seguirá para sanção do presidente da República.