Mudanças climáticas vão influenciar infraestrutura portuária no Brasil

Da redação – 30.08.2016 – 

Casos reais em portos da Ásia e África serão mostrados como exemplo no evento internacional que acontece em outubro no Rio de Janeiro. 

O clima mundial está mudando e não necessariamente para melhor. Mas há casos de sucesso de portos nas Filipinas e no Gabão que podem ser adotados pelos operadores brasileiros. Essa é a ideia da consultoria internacional Ramboll Environ, uma das participantes da Conferência Internacional de Engenharia Costeira e Portuária em Países em Desenvolvimento, que acontece de 16 a 21 de outubro, no Rio de Janeiro.

“Os riscos causados pelas alterações climáticas poderão tornar o comércio global e a operação dos portos marítimos e fluviais altamente vulneráveis no futuro”, explica Doug Daugherty, diretor sênior da companhia. Segundo ele, a ameaça tem levado um número crescente de autoridades portuárias a avaliar procedimentos para reduzir os impactos financeiros, operacionais e estratégicos, a partir de um planejamento preventivo.

Segundo a Ramboll, sua metodologia envolve dados que possibilitam uma análise mais detalhada e precisa de potenciais impactos relacionados com o clima em instalações portuárias. O processo envolve a identificação de vulnerabilidades e priorização de respostas referentes ao custo-benefício do planejamento ambiental para portos marítimos e fluviais. A avaliação é estruturada em estimativas históricas, incluindo medições de marés, tempestades e precipitações, a partir das quais são feitas projeções sobre o aumento do nível do mar, frequência e magnitude de tempestades e mudança nos padrões de chuva.

Um dos maiores riscos apontados pelas análises da Ramboll é a possibilidade de elevações do nível do mar e de mudanças nas precipitações, o que pode afetar as operações portuárias interiores, devido às alterações de nível dos rios. As mudanças, projetadas no nível do mar ou dos rios, são confrontadas com informações-chave sobre a infraestrutura existente, a fim de identificar as vulnerabilidades e os riscos.

Com o cruzamento, a consultoria usa a abordagem Net Ecosystem Services Analysis (NESA), que quantifica os custos e analisa os benefícios de uso da terra e de diferentes tipos de infraestrutura para tomada de decisão, visando solucionar o conjunto de problemas sociais, econômicos e ambientais.

“É um tema muito importante para o Brasil, que já poderia ter hoje uma infraestrutura portuária mais ampla e melhor estruturada, cuidando de maneira mais atenta das questões relativas à sustentabilidade”, argumenta Eugenio Singer, diretor geral da Ramboll Environ Brasil. “Queremos participar de projetos para aperfeiçoar as operações portuárias, gerir melhor os seus ativos e implementar planos que assegurem a preservação de ecossistemas ambientais importantes, assim como desenvolver ações para melhorar as relações com as comunidades vizinhas”, reforça o executivo.