Parceria sino-australiana mostra que Indústria 4.0 já chegou à mineração

Nelson Valêncio – 07.01.2019 –

A mineração inteligente envolve a aplicação de redes de telecomunicações similares às da  infraestrutura celular atual e Internet das Coisas na lavra, planta de processamento e porto da australiana CPM

O projeto Sino Iron fica em Cape Preston, a 100 km da região de Karratha, na região de Pilbara que, por sua vez, está na Austrália Ocidental. Bom, a não ser que você conheça bem o país da Oceania, a localização da mina de ferro não diz muita coisa. Esqueça as referências geográficas e acredite que é distante, como acontece com quase todo projeto de mineração. Longe, mas autossuficiente, com usina de ciclo combinado de 480 MW e planta de dessalinização com capacidade para 51 bilhões de litros.

Apesar de isolado, o empreendimento funciona como uma cidade inteligente e já embarcou na Indústria 4.0. Uma rede LTE, por exemplo, marca a estrutura de telecomunicação, que viabiliza inclusive o despacho de caminhões dentro da mina. E não estamos falando de veículos pequenos e sim de monstros de dezenas de toneladas. Sigla para long term evolution, o LTE é um termo conhecido da área de telecomunicações porque é a base da transição entre gerações de telefonia móvel atuais.

A estrutura da eLTE,  nome comercial da plataforma da chinesa Huawei, parceira da CPM na empreitada digital, substituiu a infraestrutura anterior de rede tradicional sem fio, com vários pontos de acesso (AP) distribuídos na cava. O problema? Diferente de uma malha instalada em áreas urbanas, a rede sem fio e seus pontos de acesso precisavam ser constantemente mudados, pois a exploração da mina é dinâmica. Isso claro representava custos crescentes.

Unificação teria levado a redução de 30% nos custos operacionais da infraestrutura de telecom

Não bastasse essa barreira, a rede tradicional limitava o envio de imagens e de dados. A largura de banda não permitia, por exemplo, a combinação de comunicação de voz com o envio de vídeo direto da planta ou da mina. A mesma rede não permitia a comunicação com a infraestrutura de comunicação do despacho de caminhões. Com uma nova estrutura, a mineradora australiana não só unificou a comunicação entre mina, planta, áreas administrativas, como pode combinar o despacho de imagens, dados e voz.

A rede unificada teria permitido uma redução de 30% nos custos operacionais em relação à infraestrutura anterior. Além de eliminar a realocação das estações radio base, o sistema otimizou o carregamento dos caminhões pelas carregadeiras em campo (o rastreamento da frota permite isso).

A mudança também alcançou o porto da CPM, distante 40 km do complexo mina-planta de processamento. Com o eLTE, a mineradora pode ativar uma comunicação a prova de futuro, começando com sistema de despacho de veículos, junto com um circuito fechado de TV (CFTV), mas que pode integrar outras plataformas em breve, incluindo recursos de Internet das Coisas (IoT).

Digitalização da mecanização é uma das próximas fronteiras na mineração 

A solução de rede local (Wi-Fi), assim como o data center da CPM, também estão na mira de mudanças. A infraestrutura Wi-Fi foi pensada para ser unificada, com acesso em qualquer local e em qualquer tempo. No caso dos data centers a ideia é simplificar a estrutura atual, mandando o processamento para a nuvem, e suportando a demanda pelos próximos dez anos.

Outra fronteira é a digitalização das operações mecanizadas, o que acontece em seus primeiros estágios na indústria da mineração. De qualquer forma, o projeto é uma referência e, sem dúvida, uma smart city em plena Austrália Ocidental. Para saber mais sobre o projeto da CPM, acesse o estudo de caso em https://e.huawei.com/topic/leading-new-ict-en/australias-cp-mining-case.html