Companhia de saneamento do Ceará conta benefícios de obter planta de produção de cloro in loco

Redação – 07.02.2020 –

Antes do processo que vamos contar, a Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) precisaria transportar o cloro liquefeito usado no tratamento da água que vai para a casa dos consumidores por cerca de 800 km. A fábrica mais próxima ficava em Recife. A solução encontrada foi levar a “montanha a Maomé” e a concessionaria contou com um projeto de autofinanciamento da Chlorum Solutions para isso.

A fábrica de cloro foi instalada em uma área de cerca de 5 mil metros quadrados no Ceará e tem capacidade produtiva de 10 toneladas de cloro por dia. O modelo de negócio visa o longo prazo, de modo que a própria Chlorum realizou o investimento para construir a fábrica e tem garantia em contrato para ser a fornecedora de cloro para potabilizar a água da Cagece.

Alfredo Kerzner, presidente da Chlorum Solutions, explica que, normalmente as fábricas são instaladas em grandes polos petroquímicos, associadas à produção de PVC ou outras indústrias de grande escala. Isso faz com que a produção, na maioria dos casos, fique longe do consumo. “A Cagece provou que é possível fazer diferente”, resume.

Antes, o cloro chegava por caminhões tanque de 18 toneladas e era preciso ficar estocado sob pressão. Agora, o cloro, em estado gasoso, é injetado diretamente na água. Desta forma não existem mais os riscos relativos a compressão, transporte e manuseio do insumo. “Nessa planta, estima-se a presença de, no máximo, 10 quilos de cloro, correspondente ao produto contido nas tubulações, desde o ponto de produção até o de injeção. Essa tubulação é mantida em pressão negativa, de forma a eliminar qualquer possibilidade de vazamento”, detalha Kerzner.

No Brasil, são consumidas anualmente 33.375 toneladas de cloro gás para o tratamento de água, segundo dados da Abiclor. Essa quantidade circula em grandes centros urbanos e estradas de todo o país, representando um alto risco de acidentes fatais e com impactos ambientais.

“Outra vantagem desse projeto é a garantia de abastecimento. Desde que a planta foi instalada, em 2014, não houve qualquer interrupção no fornecimento de cloro, mesmo em momentos difíceis, como a greve dos caminhoneiros, em 2018. Temos que entender que a cloração da água é fator importante de saúde pública e não pode ser interrompida ou reduzida”, ressalva Rogerio Leite, diretor de operações da Cagece.

A planta opera com tecnologia de membrana, 100% livre de poluentes e considerada BAT (Best Available Technology) para a indústria de cloro-soda pela União Europeia (Diretiva 2010/75/UE). A tecnologia faz com que os produtos sejam livres de metais pesados e resíduos tóxicos.

Com esse case de sucesso, o objetivo da Chlorum Solutions, controladora da  Alliance Química, é levar a ideia a outras estações de tratamento de água. A empresa afirma assumir todos os custos de construção e operação da planta, comercializando apenas o que a empresa, sendo pública ou privada, consome.