Brasil tem 3 das 10 cidades do mundo com maior tempo de deslocamento

Redação – 21.02.2020 –

Rio de Janeiro, Recife e São Paulo fazem parte do ranking de maior tempo médio de deslocamento em uma direção única (de ou para casa/trabalho), segundo o levantamento do aplicativo de mobilidade Moovit

O Brasil emplacou mais um recorde em sua agenda de mobilidade urbana. Não é necessariamente uma notícia boa, mas faz pensar. Nós temos 3 das 10 cidades com maior tempo médio de deslocamento em uma direção única (de ou para casa/trabalho). A informação é do aplicativo de mobilidade Moovit e foi citado por Roberta Marchesi, diretora executiva da Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos (ANPTrilhos) em artigo publicado nessa semana pela entidade.

A especialista, mestre em economia e pós-graduada nas áreas de planejamento, orçamento e logística, Roberta defende que o transporte é aliado da economia de tempo. “Diariamente, milhões de brasileiros gastam horas nos percursos casa-trabalho. É um tempo desperdiçado e que poderia estar sendo aproveitado para outras atividades. Quanto mais tempo parado nos congestionamentos, menos tempo a pessoa terá para estar com a família, para dedicar-se ao lazer, aos estudos e às atividades que gosta”, argumenta.

Roberta destaca que os cariocas gastam 1h07 nos seus percursos; enquanto os paulistanos e os recifenses consomem 1h02 em seus trajetos. Na conta da especialista, considerando o tempo nos congestionamentos, anualmente, as pessoas passam quase um período de férias no trânsito. A valorização desse tempo passa pela adoção de medidas que proporcionem mais qualidade para a vida dos cidadãos e menor agressão ao meio ambiente.

“A mobilidade é um direito constitucional e privar o cidadão do transporte eficiente é limitá-lo da sua liberdade de ir e vir. Não pensar no planejamento e desenvolvimento do transporte é privar a população do deslocamento eficiente. É preciso mudar essa realidade com o desenvolvimento de políticas públicas que priorizem o transporte coletivo com qualidade, proporcionando mais agilidade nos trajetos das pessoas”, explica Roberta.

Para ela, os projetos devem reforçar o uso de sistemas de alta capacidade, como é o caso trens, metrôs e VLT, integrados física e tarifariamente com os demais modos de transporte da cidade, especialmente na primeira e última milhas. Em cidades bem estruturadas, de acordo com Roberta, o transporte de passageiros sobre trilhos responde por um percentual de 40 a 45% dos deslocamentos diários da população, contribuindo para a estruturação dos grandes fluxos de transporte, ao mesmo tempo em que garante a rapidez, a regularidade e a maior segurança desses deslocamentos.

“Aqui no Brasil, por outro do lado, os trens e metrôs são responsáveis por apenas 7% dos deslocamentos diários, mostrando a dependência que o país tem do transporte baseado nos combustíveis fósseis, o que explica os enormes congestionamentos diários que vivenciamos nas grandes e médias cidades”, informa.

Ela sugere que o Brasil adote as práticas mundiais bem sucedidas, incluindo a rede integrada de transporte sobre trilhos, ônibus, bicicleta, patinete e a mobilidade ativa, formando uma rede inteligente de transporte, cada um cumprindo o seu papel dentro da mobilidade urbana.