Crise hídrica é resultado de má gestão, afirma presidente do Instituto Iguá

Redação – 15.10.2021 – Renata Moraes ressalta que é preciso melhorar governança, eficiência do uso da água, garantir preservação das bacias e ampliar acesso a saneamento básico 

O Brasil tem enfrentado a pior crise hídrica em 91 anos – quando teve início o monitoramento das bacias hidrográficas do País. Para Renata Ruggiero Moraes, diretora presidente do Instituto Iguá de Sustentabilidade, a crise que vivenciamos está relacionada a uma série de fatores que inclui a má gestão dos recursos hídricos. 

Segundo ela, há falta de conexão na estratégia brasileira. Como o avanço da fronteira agrícola e os desmatamentos, que impactam no ciclo da água e na frequência das chuvas ao diminuir a vazão dos rios e intensificar as secas. “O poder público precisa melhorar a governança dos recursos hídricos, a eficiência do uso da água, a segurança hídrica, garantir a preservação das bacias e proporcionar maior acesso a água e saneamento, já que despejando esgoto sem o devido tratamento, poluímos. É um trabalho de gestão e segurança hídrica como um todo”, afirma. 

Outro desafio também pode ser observado nas áreas urbanas. Além da alta densidade das cidades, há a dificuldade de entrar com redes em comunidades, o que intensifica problemas sanitários. Para lidar com esses problemas, Renata conta que o Instituto Iguá tem realizado pilotos para testar soluções, como modelos de engajamento da comunidade. 

A Intenção é gerar bons resultados e sistematizar essas experiências para ajudar formular políticas públicas como contribuição. “O Terceiro setor tem essa flexibilidade para testar, que muitas vezes o setor público não tem, pelo engessamento e burocracia. E é diferente também do setor privado, que tem mais foco no resultado. O terceiro setor tem este papel de poder promover essa inovação social”, conta. 

Saneamento básico

Quando se fala em saneamento básico, a gestão é feita pelos municípios. “E a maior parte deles é composta por cidades pequenas, cujos os prefeitos não estão preparados. Muitos municípios sequer desenvolvem plano de saneamento básico e, sem ele, não conseguem nem recursos para esta gestão”, afirma. 

Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) indicam que a cada R$ 1 investido em saneamento básico, há uma economia de R$ 4 em saúde, mas ainda há um pensamento de curto prazo do poder público, preferindo investir em obras de hospitais.