Leilão do 5G movimenta R$ 46,7 bilhões, R$ 3 bi a menos do que Anatel esperava

Redação – 08.11.2021 – Maior parte do valor é baseada em investimento futuros; só em outorgas, Anatel somou R$ 7,4 bilhões

O leilão do 5G terminou hoje (5/11) e a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) apontou que movimentou R$ 46,7 bilhões. A maior parte do valor será feita em investimentos das vencedoras, sendo que a outorga das frequências ficou em R$ 7,4 bilhões. No entanto, a Anatel esperava que o leilão movimentasse cerca de R$ 49,7 bilhões, mas parte dos lotes não foi arrematada (cerca de 15%). 

A Anatel ainda não confirmou quanto do valor de R$ 7,4 bilhões irá para o caixa do governo (Tesouro), pois o edital do leilão afirmava que parte do ágio (valor pago acima do preço inicial de cada lote) deveria ser aplicada em investimentos em telecomunicações. Uma sessão será feita na próxima terça-feira (9/11) para acertar os detalhes. 

O ágio do leilão do 5G foi de cerca de R$ 5 bilhões, sendo que o governo tem “garantidos” R$ 2,4 bilhões em seu caixa. 

Como foi feito o leilão 

A Anatel decidiu que dividiria as frequências por lotes referentes a frequências, tamanhos e regiões. Devido a isso, as grandes operadoras concorreram sozinhas aos lotes de categoria B do 3,5 GHz, com abrangência nacional e dividido em quatro partes. Claro, Vivo e TIM levaram um lote cada e o quarto acabou sendo repartido entre elas em uma segunda rodada. Isso aconteceu por uma tentativa de balancear os espectros entre as operadoras. 

Para os provedores regionais e outras empresas interessadas, a agência dividiu as frequências do 3,5 GHz por região do País, mesclando áreas mais interessantes com outras menos, a fim de atrair investimentos. No entanto, o lote C1, relativo ao Norte do País, não teve proposta, fazendo com que o C3 (estado de São Paulo) não pudesse ser aberto. 

A vencedora do leilão de sobras do 700 Mhz foi a Winity II Telecom Ltda, com uma proposta de R$ 1,427 bilhão, um ágio do leilão foi de 805,84%. Como vencedora do certame, a Winity II assume os compromissos de construção de tecnologia 4G em rodovias e localidades. Serão 625 localidades a serem atendidas, além de 185 trechos de rodovias, o que gera 31 mil quilômetros de estradas que deverão ser cobertas. 

Espectro de 26 GHz 

A Anatel deixou para hoje a realização do leilão das faixas de 26 GHz, que também poderá ser usada para o 5G em ofertas de banda larga fixa. Nesta categoria, a agência separou em lotes de abrangência nacional e regional com autorização de uso por 20 ou 10 anos. Aqui, também é obrigatório que as vencedoras do leilão do 5G levem Internet de qualidade para as escolas públicas.

Quem concorreu nos lotes de abrangência nacional de 20 anos foram apenas a Vivo e a Claro. Esta última ficou com dois lotes, vencendo o lance com propostas de R$ 52,825 milhões em cada um. A Vivo ficou com outros três, pelo preço de R$ 52,824 milhões em cada. As duas operadoras pagaram o mínimo pelos lotes adquiridos, enquanto outros cinco lotes dessa categoria ficaram sem ofertas. 

A TIM preferiu apostar nos lotes de abrangência regional com autorização de uso de 20 anos. Ela acabou arrematando o Sul por R$ 8 milhões, o de RJ, ES e MG por R$ 11 milhões e de SP de R$ 12 milhões. A Algar Telecom participou desta mesma categoria e levou cinco lotes correspondentes às regiões do triângulo mineiro e algumas localidades em MS, GO, SP, em um investimento total de R$ 5,34 milhões. Um sexto lote dessa região foi arrematado pela Flylink por R$ 900 mil. Outros 33 lotes regionais não foram comprados. 

Nos lotes de abrangência nacional com autorização de uso de 20 anos, a TIM foi a única participante, levando o I6 por R$ 27 milhões. Quatro lotes desta categoria ficaram sem propostas. 

A TIM ainda levou alguns regionais com autorização de uso de 10 anos. O lote Sul por R$ 4 milhões, o de RJ, ES e MG por R$ 6 milhões e o do Estado de SP por R$ 6 milhões. A Neko ficou com outra parte do Estado de SP por R$ 8,49 milhões. Outros 29 lotes ficaram sem propostas. 

Faixa de 2,3 GHz

Já a faixa de 2,3 GHz, destinada para operação de 4G, foi dividida em diversos lotes regionais e em blocos de 50 MHz. As contrapartidas desses lotes são a cobertura de áreas urbanas em que o 4G ainda não chegou. Quem venceu, terá que garantir rede 4G (ou superior) em 95% das áreas urbanas de municípios com menos de 30 mil habitantes, além de outras áreas específicas listadas no edital.  

Entre as grandes operadoras, o destaque foi para a Claro, que ganhou os lotes referentes às regiões Norte, Centro-Oeste e Sul e no estado de São Paulo. A empresa investiu R$ 72 milhões, R$ 150 milhões, R$ 210 milhões e R$ 750 milhões, respectivamente. A operadora ainda levou o Lote E8, onde constam algumas localidades em Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Goiás e São Paulo, por R$ 32 milhões.  

Ainda na faixa de 2,3 GHz, a Brisanet levou o lote referente ao Nordeste por R$ 111,3 milhões e a Vivo ficou com o E7, referente aos estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo e Minas Gerais, por R$ 176,8 milhões.  

A Telefônica ainda levou lotes menores – com blocos de 40 MHz – do 2,3 GHz, relativos ao Norte (R$ 29 milhões), Estado de São Paulo (R$ 231 milhões) e Centro-Oeste (R$ 30 milhões). A TIM também ficou com frequências deste leilão: Sul (R$ 94,5 milhões) e estados de RJ, ES e MG (R$ 450 milhões). A Algar Telecom arrematou o F8 (região sul de MG e localidades em GO, MT e SP) por R$ 57 milhões.