Setor da construção deve focar em aspectos mais relevantes do ESG para ter sucesso

Redação – 02.12.2021 – Evento da Sobratema debateu o impacto do ESG na cadeia de construção e como as empresas do setor devem trabalhar essa questão 

Os investidores estão cada vez mais incorporando aspectos ESG (Ambiental, Social e Governança) em sua análise e decisões de investimentos, assim como a iniciativa privada está implantando essas práticas. Especialistas que participaram do evento Tendências no Mercado da Construção, realizado no dia 25 de novembro, deixaram claro que é necessário que as empresas do setor da construção foquem em questões materiais para tirar valor dessa mudança de mentalidade de gestão. 

Renata Faber, analista de ESG na BTG Pactual, disse que é fundamental entender o que é material em na realidade de cada empresa para agir de forma a endereçar esses temas. Pesquisas mostram que empresas que focaram no material criaram valor e aquelas que gastaram com pontos não materiais destruíram valor ao longo dos anos. Um exemplo tratado por Renata foi uma mineradora que tinha um grande problema ambiental, mas endereçava seus esforços para aspectos sociais. 

No caso da construção civil, ela pontuou que há alguns desafios a serem vencidos na área ambiental, como o uso da água, descarte de resíduos e emissões de carbono; e na parte social, como a remuneração e as condições de trabalho nos canteiros de obras. “O que é material muda ao longo do tempo”, pontuou a especialista, que acrescentou que o ESG veio para ficar por conta da nova geração mais preocupada com o ambiental e social; e pelas mudanças climáticas. 

Para Renata, não é se, mas quando as empresas deverão neutralizar suas emissões de carbono. “Mesmo sem uma legislação, a pressão dos investidores e clientes fará com que o carbono neutro seja uma realidade”, ponderou. Esse tema representa uma oportunidade para companhias que trabalham com produtos e serviços menos intensivos na emissão de carbono; aquelas que possuem floresta ou que atuam na área de energia renovável. 

Pressão do mercado para adoção do ESG 

De acordo com Afonso Mamede, presidente da Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração (Sobratema), os critérios ESG, embora sejam de adesão voluntária, começam a ser cobrados por bancos, investidores, clientes privados e públicos, comércio internacional, sociedade e consumidores. “A Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 26) mostrou ao mundo que as mudanças são necessárias e urgentes “, disse. 

Para Eurimilson Daniel, vice-presidente da Sobratema, a indústria tem um papel importante no aspecto ESG, assim como seus usuários: construtoras e locadoras. Além do ambiental, ele ressaltou a integração das pessoas na corporação, abrindo espaço para ouvir profissionais mais jovens, que colaborarão para potencializar aquilo que já é feito e aprender cada vez mais. 

Além disso, conforme explanou Renata, as empresas com alto padrão ESG tendem a ser mais inovadoras e possuem um ambiente diverso, conseguindo atrair talentos, focar no longo prazo e, portanto, tolerar erros.