Artigo: A infraestrutura de fibra óptica e o crescimento sustentável

Cleber Pettinelli* – 10.02.2023 – Novos desafios e oportunidades se abrem no mercado de telecomunicações

As primeiras semanas de 2023 já começam agitadas no mercado brasileiro. Como todo início de novo governo, surgem questionamentos sobre quais serão as prioridades no curto e médio prazo. O discurso inicial sugere uma preocupação maior com o aquecimento da demanda interna, aliada ao discurso sobre avanços em reformas estruturantes que demandam um tempo de maturação técnico – e principalmente político – nestas questões.

O setor empresarial observa com expectativa a materialização destas iniciativas, visando a partir daí aplicar seus recursos de maneira segura e estratégica, com o objetivo de alcançar retornos financeiros e, consequentemente, promover um crescimento sustentável.

A infraestrutura de fibra óptica é bom um exemplo de como investimentos público e privado podem trabalhar juntos para impulsionar a economia. A instalação de fibra óptica é cara e complexa, tornando-se muito dependente de investimentos privados nos últimos anos.

No entanto, o governo pode contribuir com a expansão da rede tanto indiretamente, ao criar incentivos fiscais e regulatórios para estimular estes investimentos, quanto diretamente, por meio de projetos de fibra óptica em áreas remotas ou de baixa renda.

A fibra óptica é um importante elemento no ambiente econômico pois viabiliza o crescimento da riqueza do país (PIB) por meio da melhoria na eficiência empresarial (produção), gerando empregos e o desenvolvimento de novos mercados, como a economia digital.

No cenário atual, o setor de telecomunicações enfrenta desafios significativos. Para lidar com estes desafios, as principais empresas do setor estão implementando estratégias para maximizar sua base de clientes e obter retorno sobre os grandes investimentos realizados recentemente.

A prioridade é conquistar novos clientes na chamada “última milha” da infraestrutura de rede, seja em regiões com maior densidade populacional, seja em áreas remotas e de difícil acesso, onde a concorrência e a penetração de mercado são menores.

As operadoras de telecomunicações e provedores de internet regionais enfrentam uma decisão importante quando se trata de expandir sua rede: construir rede própria ou adquirir uma empresa de telecomunicações já estabelecida por meio de uma fusão e aquisição (M&A). Cada opção tem vantagens e desvantagens e a escolha depende das metas e objetivos específicos.

Construir sua própria infraestrutura de fibra óptica é uma opção para as operadoras que desejam ter controle total sobre sua rede e oferecer serviços exclusivos para seus clientes. Além disso, permite às operadoras adaptar sua rede às necessidades específicas da região, o que vem sendo uma vantagem competitiva para provedores regionais há muitos anos.

Mais recentemente, o cenário de infraestrutura de rede apresenta um avanço significativo com o crescimento das operadoras de rede neutra. Estas empresas estão se estabelecendo rapidamente e oferecendo soluções de infraestrutura compartilhada para diferentes empresas de mercado, o que permite aos provedores evitar investimentos elevados em capitais fixos para a implantação de sua rede e concentrar seus esforços apenas nas despesas operacionais.

No entanto, construir sua própria infraestrutura de fibra óptica é um processo demorado. Exige principalmente a capacidade de identificar regiões onde a concorrência é menor, ou seja, é necessário investir em inteligência de mercado e tecnologia.

O M&A é uma opção para operadoras e provedores regionais que desejam expandir sua rede mais rapidamente com incremento imediato de market share. Ao adquirir uma empresa de telecomunicações já estabelecida, as operadoras podem ganhar acesso imediato à infraestrutura de fibra óptica existente, clientes e equipe experiente.

Porém, um M&A exige alavancagem da empresa para obtenção de capital, o que também envolve desafios importantes para sua gestão financeira. Além disso, as empresas precisam garantir que a infraestrutura adquirida seja adequada a sua arquitetura atual, principalmente para atender às necessidades da garantia do nível de serviço (SLA) ao cliente, ou seja, exigem investimentos adicionais.

Destravar o fluxo de investimentos para grandes projetos de expansão de banda larga por meio de reformas estruturantes é essencial, o que vai aquecer o mercado e criar boas perspectiva para empresários e grandes grupos de investidores, internos e externos.

Por sua vez, grandes operadoras e provedores regionais enfrentam desafios para maximizar sua base de clientes e melhorar a taxa de churn (indicador utilizado para medir a porcentagem de clientes que cancelaram ou não renovaram seus contratos durante um determinado período de tempo), e isso exigirá cada vez mais a capacidade de compreender as necessidades e o desejo dos clientes.

Novos desafios e oportunidades se abrem no mercado de telecomunicações e a expansão e melhoria da rede de fibra óptica será um elemento-chave para superar estes obstáculos e conectar o Brasil a um futuro digital e sustentável.

*Cleber Pettinelli é Head da Unidade de Negócios em Telecom do Grupo Prysmian.