Como a falta de saneamento básico afeta a Saúde no Brasil

Redação – 13.03.2023 – Acesso à água tratada e ao saneamento básico ainda são desafios diários para uma imensa parte da população 

Dados da série histórica do SNIS 2021, disponibilizados em 2022, 15,8% da população brasileira não têm acesso à rede tratada, o que representa quase 35 milhões de pessoas. O resultado disso pode ser visto na saúde pública, já que foram notificadas 128,9 mil internações por doenças de veiculação hídrica no País em 2021, segundo informações do Sistema Único de Saúde (SUS). 

A situação preocupa especialistas da saúde, que buscam soluções práticas e inovadores para melhorar a qualidade de vida de comunidades localizadas em regiões periféricas e de alto grau de risco; com moradias inadequadas e sem infraestrutura básica. O acesso à água tratada e ao saneamento ainda são desafios diários para uma imensa parte da população brasileira.  

Além da falta de infraestrutura de saneamento, há a questão do tratamento de água. No Brasil, são despejados na natureza o equivalente a 5,5 mil piscinas olímpicas de esgoto sem tratamento todos os dias, segundo o Instituto Trata Brasil. O cálculo é feito desde 1° de janeiro de 2021, e, até o momento, o Brasil despejou mais de 1,8 milhão de piscinas olímpicas com esgoto sem tratamento na natureza. 

Fernando Silva, CEO da PWTech, empresa que desenvolve tecnologia para tratamento de água, explica que a falta de acesso à água limpa afeta não só a saúde da população mais pobre, como também gera problemas sociais. “Por exemplo, há registros de 15% de evasão escolar no Brasil por conta disso. Fizemos um mapeamento que apontou que, só no Estado de São Paulo, 952 unidades de ensino não fornecem água tratada, refletindo diretamente na saúde de milhares de crianças e adolescentes”, revela. 

Acesso ao saneamento básico 

Silva reforça que hoje, a principal prioridade do novo governo, é a universalização do acesso ao saneamento básico e à água potável, meta estipulada até 2033 no plano nacional. Segundo dados do Governo Federal, para que a meta seja alcançada, mais de R$ 800 bilhões devem ser desembolsados.  

á para o futuro, considerando o período entre 2021 e 2040, é esperado que os benefícios promovidos a partir da universalização do saneamento alcancem R$ 1,455 trilhão, em todo o país, sendo R$ 864 bilhões de benefícios diretos (renda gerada pelo investimento e pelas atividades e impostos recolhidos) e R$ 591 bilhões devido à redução de perdas associadas às externalidades. Os custos incorridos no período devem somar R$ 639 bilhões. Assim, os benefícios devem exceder os custos em R$ 816 bilhões, ou R$ 40,8 bilhões por ano, indicando um balanço social bastante promissor para o país.  

Já as questões de governança, ou seja, a composição dos órgãos de monitoramento e decisão do setor, dentro e fora das empresas de saneamento, serão cada vez mais observadas pelo mercado e por toda a população. Os déficits são maiores onde menor é o desenvolvimento socioeconômico. As regiões Sudeste e Sul são as que apresentam os maiores atendimentos de água potável no Brasil, com 91,5% e 91,3% respectivamente. A região Norte ainda é a que precisa de atenção com apenas 60%.