Artigo: Filosofia Lean na infraestrutura rodoviária: o que temos a aprender com os britânicos?

Marcus Fireman* – 29.03.2023 –

Em 2009, o Departamento de Transportes do Governo Britânico passou a implementar a metodologia Lean dentro da Agência de Rodovias. A unidade foi criada após um projeto piloto que gerou uma economia em torno de £4.7milhões, tornando-se um case de sucesso. Desde então, a filosofia tem sido aplicada em todos os projetos, contribuindo para a eficiência no segmento, levando segurança, satisfação do cliente e redução orçamentária.

Entre os anos de 2015 a 2020, quando o programa de investimento em rodovias britânicas projetava uma aplicação de £15.2 bilhões, estimou-se uma redução de custo de £250 milhões através da adoção do Lean. O programa teve tanto sucesso que foram criados mecanismos para avaliação da maturidade do Lean nas obras. Estes mecanismos ficaram conhecidos como HELMA (Highway England Lean Maturity Assessment), e periodicamente, os projetos de rodovias passaram a ser avaliados perante a implantação do Lean.

O HELMA é pensado para organizações de diferentes meios, cobrindo desde as áreas do design e construção, até a produção e manutenção durante os projetos desenvolvidos. Ele cobre uma variedade de formatos de cadeia de trabalho, e sua aplicação varia de acordo com a área de operação.

Segundo o Governo Britânico, o sucesso de implementação do Lean demonstra resultados significantes, com melhorias de 25% no tempo, custos e qualidade do trabalho oferecido. Isso porque os demonstrativos aumentam na mesma intensidade que aumenta a satisfação dos funcionários.

Aqui no Brasil, o Governo Federal terá R$18 bilhões para aplicação em infraestrutura de transportes durante este ano e, como foi comprovado lá fora, se direcionarmos ações estratégicas para a implementação de metodologias de gestão baseadas no Lean, temos grandes chances de sucesso. Se utilizarmos a mesma métrica, conseguiremos levar a metodologia enxuta para diferentes graus dos projetos, o que resulta em uma melhoria contínua em todas as suas etapas.

O Governo Federal elaborou o chamado Plano de 100 Dias, com ações a serem executadas pelo Ministério dos Transportes e órgãos entre janeiro e abril. Para que isso ocorra dentro do prazo, será necessário um planejamento de curto e médio prazo, com equipes integradas poupando retrabalhos, atrasos e estouros orçamentários.

Além disso, a utilização de metodologias como essa tem o poder de simplificar a comunicação entre as equipes envolvidas, facilitando na hora de fazer alterações e correções de erros. Todos os envolvidos são motivados a participar dos projetos, acompanhando cada etapa de desenvolvimento. O que torna essa ferramenta indispensável.

*Marcus Fireman é co-fundador da empresa Climb Consulting.