Programa que leva Internet móvel grátis para estudantes enfrenta desafio tecnológico

João Monteiro – 30.03.2023 – Questão do eSIM “neutro” tem sido trabalhada pela RNP para permitir a troca de operadora de rede de forma transparente ao usuário 

A prova de conceito (PoC) do programa Internet Brasil, que concede pacotes de dados de 20 GB para alunos inseridos no Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico), tem enfrentado um desafio tecnológico: a implementação de um eSIM card neutro. 

Basicamente, o que a Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) vem desenvolvendo no projeto é uma forma de fazer com que o chip no smartphone (SIM card) sejá um eSIM, permitindo que o programa possa trocar de operadora de rede de forma automática e transparente para o usuário. 

Isso é importante porque é uma forma de garantir que o programa tenha continuidade mesmo que a operadora parceira mude. Como o processo é feito por licitação, se ao ter que renovar o serviço outra operadora vencer o certame, a tecnologia do eSIM card não obriga o aluno a trocar de chip para se manter no programa. “Esse modelo é um pouco novo para as operadoras, que preferem trabalhar com produtos de prateleira”, explica Helder Vitorino, gerente de Soluções da RNP. 

O que é o eSIM 

O eSIM é uma tecnologia presente em smartphones de última geração que dispensa o uso do SIM card, o chip da operadora. Ele trabalha como um chip virtual e o cliente precisa apenas inserir as informações de sua operadora em um dashbord para configurar o eSIM. 

No caso da RNP, a ideia é transformar o chip atual em um eSIM card. Só que, diferentemente do que é aplicado no eSIM de um iPhone 14, por exemplo, quem vai ter a gestão do chip será a própria RNP. Assim, caso seja necessário trocar de rede de operadora no programa – processo de “troca de perfil de elétrico” – o estudante não terá que se preocupar em trocar de chip ou mesmo reconfigurar o eSIM. 

O roaming não seria uma proposta interessante para o projeto por questões burocráticas. “O roaming entre operadoras é permitido em até 90 dias, o que não seria adequado para o programa.” Isso dá mais vantagens para as operadoras virtuais (MVNOs) que estão no projeto, que podem fazer a troca de fornecedor de rede conforme o interesse do mercado. 

O gerente de projetos explica que hoje já é possível fazer a troca de perfil elétrico da rede sem causar uma interrupção no serviço do usuário. 

Como está o programa atualmente 

Testes com essa tecnologia já vem ocorrendo no projeto-piloto do programa Internet Brasil. Hoje, 5 mil alunos do 3º ao 9º ano de 17 escolas do Nordeste estão testando a solução e outros 5 mil devem entrar na PoC até o fim de junho, abarcando também o estado de Minas Gerais nessa expansão do programa. 

Duas operadoras virtuais são parceiras nesse projeto, NUH! Digital e Dry Company, que venceram a licitação e operam com a rede da TIM. Para Minas Gerais, a rede utilizada deverá ser a da Algar Telecom, que está preparando a infraestrutura e deve entregar até o fim de junho, segundo Vitorino. 

O programa é tem orçamento de R$ 109 milhões para conectar até 770 mil alunos na primeira fase, que deve começar após encerrar a PoC. De acordo com Vitorino, a expectativa é que o projeto apenas aumente em escala, já que não há necessidade aparente de ajustar completamente a solução, e alcance os 770 mil alunos até março de 2024.