Concessionárias do metrô de SP capacitam mulheres para construção civil

Por meio de parceria da ViaQuatro, ViaMobilidade e a ONG Mulher em Construção, candidatas compartilham o desejo de aprender e ter um emprego no setor (foto: Bruno Coelho).
Redação – 05.03.2024 – 20 mulheres terão 144 horas de curso para inserção no mercado de trabalho

A ViaQuatro e a ViaMobilidade – concessionárias da Linha 4-Amarela e Linha 5-Lilás do metrô de São Paulo, respectivamente – iniciaram a capacitação de 20 mulheres para atuação no setor da construção civil. Em parceria com a ONG Mulher em Construção, a iniciativa visa dar maior oportunidade de emprego para mulheres ao mesmo tempo em quem dá maior diversidade ao setor, composto majoritariamente por homens.

Os números mais recentes do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) apontam que, sozinho, o setor de construção contratou 2.180.065 de pessoas no acumulado de janeiro a novembro de 2023, sendo que o saldo líquido entre admissões e demissões é de 235.975 pessoas (o equivalente a 9,5% de diferença).

Esse porcentual é o maior entre todos os setores da pesquisa, o que indica que o setor de construção está mais contratando gente do que demitindo quando comparado a outros setores da economia. Por isso, a capacitação para essas mulheres se torna essencial para contribuir com suas chances de entrar no mercado de trabalho.

O projeto começou no dia 28 de fevereiro e será realizado até 14 de março, com um total de 144 horas de curso. Toda capacitação será promovida pela equipe técnica do Mulher em Construção nas dependências do Pátio Guido Caloi, na zona sul de São Paulo. Ao fim do curso, as alunas vão receber um diploma e contarão com suporte para localizar vagas de trabalho, com possibilidade de pertencer aos quadros de funcionários da ViaQuatro e ViaMobilidade, ambas do Grupo CCR.

Oportunidade e sonhos

O sonho de trabalhar na área da construção civil supera até a barreira de um oceano, como é a história de Delfina Nzachi Hombalula, 32 anos, que atravessou o Atlântico a fim de sair de Luanda, capital de Angola. À época grávida de cinco meses da Mariana – atualmente com nove meses de idade – e ao lado do filho Emanuel, hoje com três anos, ela veio o sonho de ter uma nova vida no Brasil.

Formada em curso de eletricidade em Angola, Delfina sofreu com as poucas oportunidades em sua terra natal, uma vida que espera ser diferente, a partir de agora, para si mesma e aos seus filhos. “Tinha salão de beleza, mas sofri um assalto na minha casa e levaram todas as minhas coisas. E pensei que não poderia mais viver em Angola, porque a situação social do país é muito difícil. E aqui no Brasil, achei um país acolhedor, onde meus filhos vão estudar, a minha filha é brasileira e aqui vou viver para sempre. E se aparecer mais curso, vou fazer”, diz.

Delfina sonha em trabalhar na mesma área que também deseja Diomere Bispo da Silva, 57, residente no Jardim São Bernardo, região do Grajaú (zona Sul de São Paulo). Ela soube da oportunidade por meio de sua filha, Thalya, que trabalha na ViaQuatro, operadora da Linha 4-Amarela de metrô. “Trabalhava na área de limpeza por mais de 20 anos. Hoje, quero trabalhar na Construção Civil, para arrumar um emprego melhor e arrumar a minha casa, que está precisando. E acima de tudo, precisamos aprender. E temos que ter fé que vamos conseguir”, destaca.