Segurança patrimonial e cibernética é desafio para empresas de saneamento

Redação – 29.04.2024 – Marco Legal do Saneamento também traz índices de SLA que vão exigir atenção de empresas com a integridade de seus ativos 

Um desafio das empresas de saneamento básico do Brasil é a segurança operacional, visto que suas operações são altamente descentralizadas, com estações de tratamento de água e esgoto, além de estações elevatórias, distribuídas pelo município e, dependendo da empresa, toda uma região. Soma-se a isso a infraestrutura antiga e precária frente a um mundo que vem se digitalizando, o que torna a gestão de riscos de segurança física e cibernética mais crítica. 

O setor reconhece plenamente a importância da segurança, como evidenciado pela pesquisa da Associação Brasileira de Infraestrutura e Serviços de Saneamento Básico (Abip), que revelou que as empresas nacionais do setor investiram R$ 1,4 bilhão em proteção patrimonial em 2022. Estima-se que os investimentos atuais ultrapassem os R$ 2 bilhões, dado que a Abip não abrange todas as empresas do setor, e nem todas divulgam seus gastos com segurança. 

“A crescente transformação digital também apresenta obstáculos, pois os ativos das empresas tornam-se alvos frequentes de hackers para ataques cibernéticos, como ransomwares”, afirma Andréa Mansano, gerente de Desenvolvimento de Negócios da Genetec. “É um mercado que enfrenta grandes desafios com a intensificação da digitalização, a verticalização das cidades e o aumento da violência e roubos em muitas localidades, além de ter de gerenciar o aumento sazonal da demanda em períodos de férias ou feriados em cidades litorâneas e turísticas”, explica Andréa. 

A executiva da Genetec reforça também que o impacto do roubo de fios, inversores elétricos e outros equipamentos é muito grande para os negócios, porque não só pode parar a operação, como interromper o fornecimento em determinada região. “Este tipo de crime traz prejuízos financeiros e, eventualmente, ao danificar um equipamento pode gerar contaminação de solo e aquíferos, ou seja, problemas socioambientais sérios, cujos danos são incalculáveis para a região e para a reputação das empresas”, afirma Andréa. 

Desafios de segurança podem ser oportunidades para setor de saneamento

O Marco Legal do Saneamento também estabelece novos requisitos de Nível de Serviço (SLA) para os serviços de abastecimento de água, coleta e tratamento de esgoto, o que impulsiona ainda mais a necessidade das empresas do setor se atualizarem, caso não queiram perder seus contratos para a concorrência privada. 

Para universalizar o acesso à água potável será necessário investimentos significativos em infraestrutura e segurança também. A expectativa é que esse contexto promova o desenvolvimento e a adoção de novas soluções tecnológicas, como Internet das Coisas (IoT) e inteligência artificial (IA), para aprimorar tanto a segurança quanto a eficiência dos sistemas das empresas. 

“Este novo cenário tende a impulsionar a realização de treinamentos e cursos de capacitação para os profissionais do setor, algo fundamental para elevar o nível de conhecimento e expertise em segurança. Além disso, deverá contribuir para a criação de uma cultura de segurança inclusiva, com a participação ativa dos colaboradores, o que é essencial para prevenir acidentes e proteger os sistemas de água e saneamento”, acredita Andréa. 

A executiva lembra que outra necessidade é centralizar o monitoramento de todas as estações de tratamento e elevatórias, controlando o funcionamento dos dispositivos de Internet das Coisas (IoT) de maneira unificada e prevenindo ciberataques. Essas iniciativas ajudarão a garantir a qualidade e cumprir os requisitos dos contratos de SLA das concessões exigidos pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA).