ABCP e USP criam projeto de inovação em cimento

Redação – 15.07.2021 – Iniciativa prevê reduzir em até 3,5 vezes o tempo estimado entre a introdução e implementação da tecnologia no mercado da construção

O projeto hubIC, parceria entre Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli USP) e a Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), é o primeiro espaço cooperativo de inovação e construção digital de base industrial do Brasil. A plataforma é uma iniciativa inédita que une o mercado a favor do desenvolvimento de PD&I tendo como principal objetivo a pesquisa e produção de elementos cimentícios, com ganhos de produtividade e redução de impacto ambiental que pretende catalisar, desenvolver e implementar iniciativas de inovação de base de engenharia.

“O hubIC faz parte de um ecossistema que tem três eixos de atuação integrando todos os elos da cadeia da construção civil: inovação, produtividade e sustentabilidade. Vamos reunir pesquisadores de várias áreas do conhecimento, empresas, startups e outros parceiros da sociedade que tenham interesse em desenvolver a inovação de base industrial”, destaca um dos coordenadores do projeto e professor da Poli, Vanderley John.

Ao todo, fazem parte do projeto 32 empresas de diferentes elos da cadeia, das grandes cimenteiras a escritórios de projeto, passando por construtoras de todos os tamanhos, empresas de pré-moldados e fabricantes de materiais e componentes. As empresas buscam em um ambiente pré-competitivo identificar oportunidades de inovações que ofereçam ganhos de competividade.

Recentemente, o hubiC apresentou o primeiro titular da Cátedra Ary Torres, professor Kamal Khayat. Doutor em Engenharia Civil pela Universidade da Califórnia em Berkeley, Khayat é hoje professor na universidade de Missouri, onde coordena o centro de engenharia de infraestrutura e um centro dedicado a concreto aplicado em transporte sustentável (RE:CAST).

O nome da cátedra homenageia o professor da USP Ary Torres que foi um dos fundadores e primeiro presidente da ABCP – deverá apontar anualmente uma liderança técnico-científica internacional em temas de interesse para os parceiros hubIC. Além de colaborar com novas ideias e com os projetos em andamento, o catedrático desenvolverá atividades de ensino de pós-graduação, palestras para a comunidade hubIC e o público em geral.

Em sua primeira palestra inaugural Kamal, que é considerado um dos maiores especialistas de concreto no mundo, apresentou as evoluções e aplicações de concreto de alta performance em várias obras que hoje são ícones da construção, como por exemplo, a Confederation Bridge, que é a maior ponte de pré-fabricado no mundo com 13 km; o uso do eco crete em projetos de pavimentação no Missouri; o maior arranha-céu de Dubai, Burj Khalifa, com 160 pavimentos; entre outros.

O professor ainda compartilhou uma experiência similar, que consistiu em integrar desenvolvimento de PD&I e mercado, reduzindo em quase 3,5 vezes o tempo para se atingir o nível tecnológico desejado. “O tempo estimado entre a introdução e implementação da tecnologia é de em média 17 anos. Acredito que trabalhando juntos nessa cadeira é possível reduzir para 4 ou 5 anos, então é um momento muito empolgante. Há muitos desafios, mas também muitas oportunidades pela frente e estou realmente muito feliz em fazer parte disso”, diz Khayat.

Para Valter Frigieri, diretor de mercado da ABCP e um dos coordenadores do hubiC, a gestão de projetos exige do profissional habilidades de comunicação, liderança, organização, de solucionar problemas e saber negociar. “O que buscamos com o início desse trabalho é melhorar ainda mais a capacitação, o conhecimento e o a troca de melhores práticas”. Ainda de acordo com Frigieri, é se aprofundar ainda mais na integração entre o mercado cimentício e o acadêmico. “O que distingue um projeto de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) dos demais é o seu alto grau de incerteza e complexidade. Com isso, o gestor precisa aplicar mais esforços de acompanhamento para concretizar os resultados desejados.”, completa.

Na primeira reunião de trabalho, que contou com a participação de cerca de 60 profissionais, foram debatidos os possíveis caminhos para reduzir os principais gargalos do setor, como a alta dependência de mão de obra não qualificada, a necessidade de integração com os diversos elementos construtivos e a preocupação com menor impacto ambiental.