Água de reúso é viável e vantajosa para indústrias, defende especialista

Redação – 19.10.2020 –

A água potável é um produto manufaturado já que não existe na natureza com os padrões de qualidade exigidos para consumo humano. Dos mananciais vão para as estações de tratamento, que alteram a composição química e biológica para que não ocasione danos à saúde. “É um recurso natural finito e caro, por isso devia ser utilizada apenas para fins nobres”, avalia o Fábio Campos, Coord. da Câmara Setorial de Filtros para Estações de Tratamento de Água Efluentes e Reúso (CSFETAER). Ele palestrou no Abra Talks, evento Associação Brasileira das Empresas de Filtros e seus Sistemas (Abrafiltros) na semana passada.

Segundo ele, o cenário ideal está distante da realidade e, atualmente, a agricultura consome cerca de 70% da água natural, a indústria, 22% e o uso doméstico fica com os 8% restantes. Os dados são da  Food and Agriculture Organization of the United Nations (FAO). Campos pontua que há soluções que podem mudar o cenário, como a água de reúso de efluentes industriais.

Nesse aspecto, ele destaca alguns requisitos que devem ser considerados para a prática de reúso, entre os quais está a avaliação dos volumes de água consumida e de água residuária produzida pela indústria. A compatibilidade da qualidade, considerando efluente disponível e requisitos exigidos para o uso, além da variação da concentração de contaminantes durante o reúso, ou seja, a capacidade de reutilização também devem ser avaliados. “A filtração no reúso de efluentes industriais é extremamente bem-vinda, pois considera dois pilares: a sustentabilidade e a economia circular”, diz.

Ele explica que para a prática de reúso utiliza-se processos de filtração por membranas, que atuam como meio seletivo na passagem de componentes. Já a força motriz que promove a separação é obtida por meio de bombas de pressurização. Assim, são produzidas duas correntes – concentrado ou rejeito e permeado ou purificado. Ele também destaca os principais processos de filtração por membranas, que se diferem pela capacidade de retenção de partículas – microfiltração, ultrafiltração, nanofiltração e osmose reversa, onde a água chega a ser ultrapura.