Areia de brita ganha espaço na construção civil

Por Toshihiko Ohashi (*) – 14.06.2018 –

Uma clara tendência se observa no mundo: a substituição da areia natural, extraída de rios ou cavas, pela manufaturada. Um dos principais impulsionadores para ela é a restrição ambiental à extração das reservas naturais. E, sim, é possível “fabricar” a areia a partir de rocha.

Além de diminuir os efeitos sobre o meio ambiente, a areia de brita apresenta algumas outras vantagens econômicas e tecnológicas. Ela pode ser processada a seco eliminando o ônus inerente ao processo via úmida e, pelas pedreiras estarem situadas próximas ao mercado consumidor, pode reduzir significativamente os custos de transporte. Em vários aspectos, pode ter desempenho superior em concreto e artefatos de cimento entre outras aplicações, comprovadas em vários estudos e resultados reais de aplicações industriais no Brasil e no mundo.

Fundamental na construção civil, a areia natural tem ficado cada vez mais cara e distante. Os dados de mercado indicam que a cidade de São Paulo é abastecida em grande parte com areia natural produzidas pelos mineradores localizados no Vale do Paraíba e Ribeira, sendo que, na sua maioria, distantes a mais de 100 km da capital. E ainda mais preocupante: mais da metade do preço final da areia ao consumidor corresponde ao custo do frete. Um efeito colateral dessa situação é que, quanto mais distante a exploração, maior é a emissão de dióxido de carbono (CO2) da frota de caminhões.

A barreira para exploração natural da areia não se limita ao Brasil. Há casos radicais, como no Japão, onde a legislação proíbe totalmente sua adoção. A Suécia, por sua vez, estimula a substituição pela matéria prima industrializada, por meio de tributos especiais sobre a extração da areia natural. Do outro lado do globo, na Índia, Cingapura e Malásia, a legislação é mais flexível, porém os resultados têm sido a redução rápida dos recursos naturais. No Brasil, como se sabe, é cada vez mais difícil conseguir licença para exploração de areia natural, independente do tipo da reserva.

E, para agravar, a areia natural precisa ser lavada, o que aumenta o impacto ambiental. Processada a seco, a areia de brita elimina o problema, com a vantagem de estar próxima do mercado consumidor. Um bom exemplo é o caso da construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, a quarta maior hidrelétrica do mundo, que possui uma planta própria de produção de areia de brita no canteiro de obras. Não poderia haver melhor exemplo: muita água para gerar energia, mas zero consumo para a produção da areia manufaturada.

  1. Por que investir em areia de brita

Existem vários bons motivos. O principal talvez seja o fato da areia de brita beneficiar tanto os produtores quanto os consumidores.  Um negócio em que todos saem ganhando, a probabilidade de sucesso é quase certa.  Outro fator importante é o tamanho do mercado, considerando que a demanda de areia é maior que a da brita. Adicionalmente às questões ambientais, outros fatores favorecem a adoção da areia de brita, como é o caso do excedente de finos gerados em pedreiras.  Os produtores de agregados conhecem bem o cenário.

As pedreiras geralmente produzem finos além da demanda. A transformação destes finos em areia de brita evita que eles se convertam em grande passivo, como acontecia no passado. O que era problema vira produto de alto valor agregado.

Um bom exemplo é a Pedreira Embu, que já vinha produzindo areia de brita por processo a úmido nas suas unidades de Itapeti e Juruaçu (SP). Na unidade de Embu das Artes, também em São Paulo, devido à indisponibilidade de água, não era possível beneficiar o pó e pelo seu alto teor de filler, a comercialização era difícil, gerando enorme estoque de pó. Graças à implantação da planta dedicada à produção de areia via seca, inaugurada em 2012, ela não só eliminou o problema do estoque de pó como criou um produto de alto valor agregado denominado “areia prime”.  Várias outras pedreiras seguiram o exemplo da Embu e hoje se beneficiam do bom negócio gerado pela areia de brita.

O principal uso da areia é na fabricação de concreto, que leva entre 30% a 40% na sua composição, que por si só representa um gigantesco mercado.  Obras civis e de infraestrutura e até mesmo a construção de rodovias de pavimento rígido estão entre os mercados. Grandes e pequenas barragens e estruturas de sustentação de energia eólica são outros exemplos. Mercado para areia é realmente muito amplo.

  1. Conheça os benefícios técnicos da areia industrial

A areia de brita, produzida com o emprego das tecnologias e processos adequados, pode resultar em significativas vantagens aos consumidores, em especial às concreteiras. Uma grande vantagem é a constância da curva granulométrica, o que facilita o controle técnico do concreto e é um fator de alta importância na fabricação de concreto.  O formato cúbico e superfície rugosa das partículas, somados à quantidade controlada de microfinos e produtos melhor graduados, via de regra, reduz o consumo de cimento de forma significativa. E o cimento representa mais de 50% do custo do concreto. Resumindo: os benefícios econômicos e técnicos são literalmente concretos.

Uma das dicas para os produtores de agregados que têm a intenção de produzir areia de brita é preparar amostra de areia e enviá-la a seus clientes para testes. A Metso pode ajudar na preparação da amostra no seu laboratório equipado com equipamentos em escala piloto.  Participar de testes de substituição de areia natural pela manufaturada é uma iniciativa que pode render boas parcerias e conquistar importantes clientes.

  1. Como escolher a tecnologia certa para produzir areia manufaturada?

Atualmente, os produtores de agregados têm à sua disposição toda tecnologia e know-how necessários para produzir areia de brita de alta qualidade, seja em novos projetos ou em plantas de agregados existentes.

São vários os equipamentos e processos disponíveis e a escolha correta de cada um deles requer, além da experiência em britagem e classificação, um bom nível de conhecimento das rochas e dos produtos onde será aplicada a areia de brita.

Os experts da Metso possuem grande experiência na implantação de plantas de areia de brita e estão capacitados para assessorar os produtores de agregados de forma a garantir o sucesso do empreendimento.

* O Engenheiro Toshihiko Ohashi é consultor técnico da Metso