Brasil passa vergonha na área ambiental

Da Redação – 23.08.2017 –

E o constrangimento pode aumentar ainda mais com evento das Nações Unidas em novembro

A política ambiental brasileira entrou na máquina do tempo rumo ao passado. Essa é a avaliação de especialistas ouvidos pelo Deutsche Welle (DW) na semana passada. Segundo artigo do portal, “o recuo na política ambiental e poucos avanços na implementação do Acordo de Paris ameaçam levar governo a Temer a constrangimentos e reprimendas em conferência do clima da ONU que acontece na Alemanha”. O encontro está marcado para novembro e os dados recentes não são animadores: o desmatamento na Amazônia teve alta acima de 20% em dois anos seguidos, 2015 e 2016.

Além do aumento do desmatamento na Amazônia, a possível redução do nível de proteção de áreas florestais e o foco excessivo da política energética nos combustíveis fósseis são fatores que farão o país chegar com uma imagem ruim à conferência deste ano, na opinião do DW. “Embora o Brasil tenha feito até agora um bom trabalho em seus esforços diplomáticos na conferência, estes não têm sido acompanhado por avanços na implementação de medidas para reduzir as emissões de gases do efeito estufa e cumprir o Acordo de Paris, diz o secretário-executivo do Observatório do Clima, Carlos Rittl no artigo citado.

“Seis ou sete anos atrás, o Brasil chegava às COPs, um dos diplomatas fazia o anúncio da taxa de desmatamento e isso era seguido de uma salva de palmas porque significava que o Brasil estava enfrentando o desafio de reduzir o desmatamento e, com isso, diminuindo muito suas emissões. Agora não existe mais ambiente para aplausos”, afirma Rittl. “Pelo contrário, o presidente Michel Temer ter criado um ambiente onde as questões socioambientais são moeda de troca para conseguir votos no Congresso é constrangedor por si só.”

Segundo Rittl, o país já levou notícias ruins para a COP de 2016, como o aumento de 24% do desflorestamento na Amazônia em 2015 e a alta da violência no campo. Mas agora o cenário é ainda pior, com mais uma alta no desmatamento amazônico em 2016, de quase 30%, a pior taxa desde 2008.

Entre as consequências do recuo está a iniciativa do governo norueguês, que cortou pela metade, em quase 200 milhões de reais, o repasse ao Fundo Amazônia. A Alemanha também condicionou a manutenção de suas contribuições à redução dos índices de desmatamento.