Brasil precisa de R$ 17 bi para novas eclusas e dragagens

Da Redação – 06.10.2015

Valor envolveria projetos nos próximos 11 anos, somente nesse setor, para que o país possa movimentar 120 milhões de toneladas/ano.

Começa hoje – e vai até amanhã – o Painel Pacto pela Infraestrutura Nacional e Eficiência Logística. Organizado pelo Instituto Besc de Humanidades e Economia, de Belo Horizonte, essa é a segunda edição do encontro. Entre os temas desse ano estão vários programas federais como o de Investimentos em Logística e o de Concessões de Infraestrutura, além do Projeto Cadeia Logística Portuária Inteligente. Outros assuntos em pauta envolvem o avanço do setor de cabotagem, o novo marco legal dos portos, a desburocratização dos procedimentos portuários e a criação de um centro de infraestrutura pelo G-20.

Segundo a organização do Painel, o principal foco e objetivo do evento é a disseminação do conhecimento e a unificação de interesses, “a fim de racionalizar a discussão e encontrar as melhores soluções para os problemas infraestruturais brasileiros”. O público alvo, formado por autoridades governamentais, dirigentes de entidades e empresários, deve também assistir a possíveis saídas estratégicas para alguns desafios do Brasil.

Entre eles, está o posicionamento do país em termos de investimentos no setor – o Brasil é o 74º colocado no ranking de infraestrutura do relatório anual de competitividade do Fórum Econômico Mundial. No ranking de transportes, ocupamos a 120ª posição. Já na área logística, o país aparece como o 59º entre 60 países analisados. “Temos a pior logística entre os BRICs e essa diferença cresceu em 2014 – ainda que tenham aumentado os investimentos”, afirma o documento de divulgação do Painel.

O retorno de investimento em infraestrutura

Investir na construção, ampliação e melhoria de portos, ferrovias, hidrovias e rodovias é fundamental para o desenvolvimento econômico de um país, segundo os organizadores do Painel. Eles citam o efeito multiplicador sobre a economia: cálculos permitem concluir que o investimento de R$ 1 em infraestrutura gera um incremento de R$ 3 no PIB. Já o investimento de 1% do PIB gera ganhos de 0,48% a 0,53% na produtividade.

Dados do Instituto Besc indicam ainda que, apesar de a movimentação portuária crescer 21% nos últimos cinco anos, os investimentos não acompanharam o mesmo ritmo. Algo similar acontece com as hidrovias, que também vêm movimentando cada vez mais. Em 2012, o Brasil teria transportado 80,9 milhões de toneladas. Se quiser pular para o nível de 120 milhões de toneladas/ano, o país vai esbarrar em problemas infraestruturais. Os investimentos necessários em eclusas e dragagens estariam na ordem de R$17 bilhões – ao longo de 11 anos – para que se atinja o novo patamar.

Além disso, o Brasil tem limitadas opções de financiamento (praticamente não existem estruturas de project finance e alternativas de funding), dependente de recursos públicos, o baixo nível de poupança e a pequena participação do capital internacional nos investimentos. Outros dois entraves seriam a restrita disponibilidade de projetos bem elaborados e a presença de um sistema regulatório ainda não maduro, afora a dificuldade de obtenção de licenças, como as ambientais.