“Internet dos veículos” não usa internet e reduz congestionamento

Da Redação – 26.09.2016 –

Sistema chamado INCIDEnT  baseia-se na troca de dados identificados por meio do computador de bordo de cada veículo, usando uma rede similar ao Bluetooth, e é capaz de determinar o nível de congestionamento com até 90% de precisão.

Os brasileiros têm ficado mais tempo no trânsito a cada dia que passa. Para se ter uma ideia, cerca de 31% da população perde mais de uma hora por dia no engarrafamento. Os dados são de um estudo divulgado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) em 2015 e mostram que esse número aumentou 5% desde 2011, ano da primeira pesquisa. Atentos a esse problema, um grupo de pesquisadores desenvolveu um modelo computacional que pode ajudar a detectar, informar e gerenciar os congestionamentos em grandes cidades.

Diferentemente de aplicativos como Waze e Google Maps, o Intelligent Protocol of Congestion Detection, mais conhecido pela sigla INCIDEnT, é baseado na troca de dados entre veículos em uma rede de comunicação que não precisa de conexão com a internet. A descrição do sistema apareceu na edição online da revista Pesquisa, da Fapesp, escrita pelo jornalista Rodrigo de Oliveira Andrade.

Em termos práticos, o computador de bordo de cada veículo seria capaz de identificar o congestionamento em um determinado trajeto a partir de informações como o índice de aceleração e de velocidade, propondo rotas alternativas a partir da localização atual e do destino final no GPS.

O modelo foi desenvolvido pelo cientista da computação Rodolfo Meneguette, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo, em parceria com colegas de outros institutos localizados em São Carlos (SP), São João del-Rei (MG), Belém (PA) e Campinas (SP). Além disso, o projeto também envolveu a participação de pesquisadores das universidades de Ottawa, no Canadá, e do Sul da Califórnia, nos Estados Unidos.

Segundo Meneguette, o INCIDEnT já passou pelas primeiras simulações, nas quais conseguiu determinar o nível de congestionamento nas vias com uma precisão superior a 90%. Os testes foram feitos com a ajuda de programas que simulam o fluxo de tráfego de veículos e calculam as emissões de dióxido de carbono (CO2) e o consumo de combustível com base na aceleração e na velocidade de cada um deles. Os programas tomaram como base dois mapas: o de Manhattan, em Nova York, Estados Unidos, e da rodovia Dom Pedro I, no interior paulista.

Por ora, os pesquisadores trabalham no desenvolvimento de versões do modelo que possam ser instalados em dispositivos móveis, como celulares e tablets. As projeções para o futuro, no entanto, são mais ousadas. Meneguette conta que o próximo passo será transformar o sistema em um componente de fábrica embarcado no computador de bordo de todos os veículos produzidos no Brasil, de modo a orientar os motoristas sobre rotas alternativas.