Controle de emissões pode ser insuficiente no setor marítimo

Da Redação – 13.04.2018 –

Mais de 170 países da Organização Marítima Internacional (IMO) passaram a última semana debatendo uma série de caminhos para descarbonizar o transporte marítimo internacional, que atualmente responde por 2% das emissões do dióxido de carbono na atmosfera, mas que deverá gerar 20% do CO2 global até 2050. Até o momento, o que está na mesa é a proposta de cortar em 50% suas emissões de CO2 (em relação aos níveis de 2008) até 2050. Para especialistas ambientais, é pouco e não atende as metas do Acordo de Paris de 2015.

O texto atual em negociação estabelece: “Pico das emissões de GEE [gases de efeito estufa] do transporte marítimo internacional o mais cedo possível e reduzir as emissões anuais totais de GEE em pelo menos 50% até 2050 em comparação com 2008, enquanto perseguindo esforça para eliminá-los conforme exigido na Visão como um ponto em uma trajetória contínua de redução de emissões de CO2 consistente com as metas de temperatura do Acordo de Paris”.

Estados membros da União Européia, ilhas do Pacífico e nações caribenhas aliadas a alguns governos latino-americanos pedem que a IMO estabeleça uma estratégia de acordo com 1,5 ° C, a qual teria  como meta cortes de 70% a 100% até 2050. Na terça-feira, David Paul, ministro de Meio Ambiente do país insular Ilhas Marshall, disse que seu país sairia das negociações se o acordo não fosse forte o suficiente.

“Para os países em desenvolvimento que estão preocupados com o impacto que a ação climática terá sobre o transporte, digo isto: duvido que haja muitos – ou nenhum – países nesta sala que tenham um interesse econômico maior no resultado desse MEPC do que as Ilhas Marshall, considerando-se a importância do setor de navegação como uma porcentagem do nosso PIB e nossa dependência quase total da navegação para o comércio. Por isso, falo com considerável credibilidade quando digo que o argumento apresentado por alguns de que a ação climática significa um impacto negativo no transporte e no comércio é completamente e totalmente falso”, disse Paul.

Para o Secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, “Dada a crescente vulnerabilidade de todas as nações, economias e comunidades aos impactos da mudança climática, os sinais de política e mercado precisam se alinhar rapidamente para encorajar a indústria marítima a fazer a transição necessária para emissões líquidas zero de gases de efeito estufa”.

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