ECI quer crescer no Brasil com seu modelo elástico de rede para operadoras, utilities e data center

Por Nelson Valêncio – editor executivo – 10.06.2016 – 

Focada em comunicação óptica, empresa israelense já tem presença na GVT e pode expandir suas soluções para outros provedores e entrar no mercado de concessionárias de energia.

A chamada última milha, o acesso final aos usuários de serviços de dados, voz e imagens, sempre esteve no alvo das operadoras de telecomunicações. Para chegar até a etapa final, no entanto, os provedores precisam de uma “estrada” segura e sem congestionamentos. É nesse ponto que entra o conceito de rede elástica da israelense ECI. O foco da companhia é o transporte óptico no chamado core da rede e na etapa de agregação para esse mesmo core. Em outras palavras: hardware e aplicativos, combinados com inteligência de mecanismos de analytics.

Carlos Brito, gerente geral para as operações da América Latina, não cita nomes, mas sabe-se da presença da tecnologia da ECI na GVT. Essa ponta de lança pode favorecer a fabricante israelense nas futuras expansões da Telefônica, a atual dona da GVT. Mais do que isso, um dos donos da ECI, o bilionário Shaul Shani, foi sócio da GVT, tendo faturado cerca de US$ 1,5 bilhão com a venda da companhia. Os dados estão em fontes públicas da internet, mas a negociação e a própria história da operadora adquirida podem ser conhecidas com detalhes no livro Sobre fibras e gentes, lançado no ano passado.

De acordo com Brito, a ECI aposta em sua tecnologia flexível e escalável e nos requisitos de segurança. Nesse último caso, a empresa foge do modelo comum de focar somente em segurança digital, ou seja, dos mecanismos de encriptação, etc. Um dos destaques da companhia, segundo ele, é a capacidade de detectar e evitar o vazamento de dados da rede física. “Se houver uma invasão da infraestrutura, basta o acesso a 5% de amostra do tráfego de dados para que se replique toda a comunicação transportada”, detalha o executivo da ECI. “Ao atuar nessa camada, temos uma solução inovadora de segurança”, completa.

Brito também aposta na capacidade da plataforma ElastiNet (para as operadoras) como diferencial, em função do hardware compacto e com baixo consumo de energia. A mesma configuração se repete para as outras duas plataformas – ElastiGrid, para as concessionarias de energia, e ElastiCloud, para data centers. O executivo também lembra que a ECI desenvolve várias aplicações de rede definida por software (SDN), uma das tendências da infraestrutura física de telecomunicações a prova de futuro.

Nas utilities, o foco da companhia são as empresas que detêm ativos de transmissão e distribuição de energia. No caso das distribuidoras, por exemplo, a plataforma pode ser ativada nas subestações, reforçando a automação da infraestrutura. Muitas concessionárias igualmente possuem redes de fibra óptica – para uso próprio e locação – o que as torna alvo da ECI. Brito lembra que no Brasil, esse mercado ainda está sendo desenvolvido, mas há exemplos na América Latina que devem ser usados como benchmarking.

Filosoficamente, a definição de rede elástica dada pelo CEO da ECI, Darryl Edwards, em entrevista ao site The WorldFolio.com nesse ano, resume como a fabricante vem ocupando e quer expandir seu espaço. Segundo ele, as operadoras fazem investimentos multibilionários em redes e a cada evolução, o processo continua, mas pode ser mudado para melhor.

“O que elas devem dizer é, “olha, que não quero mais isso, quero um tipo de antena e, no futuro, eu mando algum tipo de software por ela e ela, automaticamente, passa a ser 7G. Toda a rede, tudo que passa através desse encanamento, se faz pelas antenas. E há tubos transportando os dados até os pontos centrais. Tudo adaptável, escalonável e seguro. É sobre essa rede elástica que estamos falando”, resumiu o CEO.