Indústria de metais e mineração enxerga hidrogênio como caminho para descarbonização

Redação – 17.09.2021 – Vale e Ternium debateram seus planos para diversificar fontes de energia de sua cadeia produtiva 

Na 9ª Conferência de Energia e Recursos Naturais na América Latina, evento online realizado esta semana pela consultoria KPMG, empresas da cadeia de mineração e metais debateram as estratégias de descarbonização de suas fontes de energia. O hidrogênio surgiu como uma possibilidade de tornar a indústria mais “verde” e a mineradora Vale e a siderúrgica Ternium Brasil já têm planos para utilizá-lo em seus negócios. 

A intenção das empresas é diminuir as emissões de carbono e reduzir o impacto ambiental de seu negócio, uma demanda não mais apenas do planeta, mas também do mercado, que está voltado a investimentos com Governança Ambiental, Social e Corporativa (ESG). De acordo com a KPMG, quase 90% das empresas de mineração apresentam planos de redução de emissões, enquanto a indústria siderúrgica está na mira de novas taxações de emissões de carbono planejadas pela União Europeia. 

Segundo Juliana Marreco, analista sênior de Investimentos em Energia na Vale, a empresa quer ser uma liderança na mineração de baixo carbono. Este é um desafio e tanto, já que ela mesma aponta que a cadeia produtiva da Vale tem muitos processos poluidores, tanto na mineração em si quanto no transporte e no uso de sua matéria-prima nos clientes – indústria do aço, principalmente.   

Vantagens do hidrogênio

Por isso, a Vale já começou um plano de migração para novas fontes de energia. Por enquanto, a mineradora investe em biomassa para diminuir emissões, mas Juliana afirma que a empresa estuda o hidrogênio. De acordo com ela, o que vale a pena é o hidrogênio “verde”, produzido a partir de um processo chamado eletrólise e que emite apenas 1 quilo de carbono. 

O que mais se usa atualmente, no entanto, é considerado um hidrogênio poluidor, pois é gerado através do vapor do metano ou da gaseificação do carvão. Isso acarreta a produção de 11 quilos de dióxido de carbono, segundo Juliana. “A expectativa é que, até 2030, já teremos a produção de hidrogênio por eletrólise”, afirma a analista. 

Transição para gás natural e depois o hidrogênio para descarbonização

Já a siderúrgica Ternium tem um plano de investimento de US$ 500 milhões em projetos de redução de emissão de poluentes para os próximos sete anos. Marcos Buarque, gerente da área de Negócios de Energia da companhia, explica que o setor da empresa é pressionado para uma mudança de fonte energética, já que depende do carvão. 

O plano aqui é fazer uma primeira transição para o gás natural. Hoje, a Ternium já utiliza mais sucata como forma de reciclar e diminuir seu impacto ambiental, ao mesmo tempo em que começa a utilizar fontes como a biomassa para começar a descarbonizar suas emissões. “A segunda etapa é usar mais o gás natural, alinhado com o desenvolvimento do mercado nacional de gás”, conta Buarque. 

Ele acredita que será necessário apostar em um mix de recursos energéticos, utilizando carvão, gás natural e hidrogênio, até que seja possível partir para algo mais “verde”, como o hidrogênio por eletrólise. Atualmente, 20% do gás natural utilizado pela Ternium é biometano, vindo diretamente de aterros sanitários do Rio de Janeiro, onde fica a fábrica da empresa. Isso é importante, segundo Buarque, porque os investidores já pedem metas para a produção de um “aço verde”.