“IoT é uma fera complexa”

Nelson Valêncio – 24.01.2020 – A frase completa é “IoT são três letras simples, mas é uma fera incrivelmente complexa”. A definição genial foi feita por Ricky Singh, chefe de produtos e soluções da Sprint e executivo à frente dos desafios da operadora americana na área de Internet das Coisas (IoT). A classificação de Singh vem da prática: ao avaliar a  venda de serviços online de IoT na operadora, ele notou que o tráfego no site era maior do que a compra efetiva. A solução? Mudar o processo.

De acordo com Singh, o erro era mostrar as soluções disponíveis, uma iniciativa improdutiva, pois os potenciais clientes sabiam que precisavam de IoT, mas não como exatamente onde e como aplicar a tecnologia. A mudança veio com o que ele chama de experiência de venda guiada, estrutura mostrada durante a CES 2020, em Vegas, no começo do ano. O novo modelo, detalhado no evento, ganhou destaque no site especializado Enterprise IoT Insights.

Agora, em vez de levar um cliente diretamente às soluções, a Sprint começa fazendo perguntas sobre o tipo de negócio e equipamentos ou veículos que a empresa possui. A partir desse diagnóstico, a área de IoT faz a oferta mais adequada. Para Singh, no mundo em rápida mudança da IoT, é fundamental que as operadoras de telecomunicações reavaliem seu lugar no ecossistema em evolução.

De acordo com ele, na primeira onda de IoT, a participação da Sprint e de suas colegas foi a de coadjuvante. Quem teria puxado o volume enorme de dados foram os smartphones e o grande guru do processo teria sido Steve Jobs ao colocar a grande computação de dados dentro de um dispositivo móvel. Para as operadoras sobrou o papel de gerenciar um tráfego gigantesco em suas redes, sem necessariamente ganhar para isso.

“Agora, com o 5G, o mercado de telecomunicações está dizendo, pela primeira vez, que podemos fazer melhor”, resume Singh para o Enterprise IoT Insights. Ele pondera, no entanto, que o papel das operadoras ainda está sendo definido, na mistura impactante do 5G com inteligência artificial. A aposta do executivo da Sprint é que desenvolvedores e os disruptores digitais assumam a dianteira.

O caminho para as operadoras é investir no trio 5G, inteligência artificial e armazenamento de dados. Por que? Porque a nova onda da IoT vai transformar dados em inteligência. Do ponto de vista de rede, a iniciativa da Sprint envolve segmentar a infraestrutura sem fio para o tráfego de dados da IoT 2.0. E gerenciar esses dados de forma específica. Não se trata de comprar outras empresas ou operadoras.

Na prática, a operadora americana criou a primeira rede projetada com nada além da IoT e trouxe os desenvolvedores para dentro dela. O processo repete o ecossistema comum em Internet das Coisas, com a diferença de a operação acontecer numa rede somente de IoT. É a forma que a Sprint está tentando simplificar a “fera incrivelmente complexa”.