NFV é a soma de todos os medos para as operadoras móveis de telecomunicações

Da Redação – 23.06.2016 – 

A virtualização das funções de rede (NFV) aparece, de forma enfática, no radar de 73 grandes empresas do segmento ouvidas em nível global pela Heavy Reading.

Os investimentos em infraestrutura física das operadoras de telecomunicações não param. Somente no Brasil, segundo reportagem da revista Carta Capital, de janeiro desse ano, as empresas do setor devem investir R$ 30 bilhões até 2019, incluindo os gastos com redes. É claro que essa projeção veio antes da anunciada recuperação judicial da Oi, estimada em R$ 50 bilhões e divulgada nessa semana.

Bom, uma pesquisa também recente, com 73 operadoras móveis no mundo, indica que a preocupação não se limita à infraestrutura real, mas aos recursos de virtualização das funções de redes (NFV). Nove em cada dez entrevistados dessas companhias colocam a NFV como prioridade de investimento em 2016. Paradoxalmente, muitos têm medo da segurança em ambientes virtualizados (65% dos pesquisados) e vários apontam o desconhecimento do assunto como outra barreira (41%).

O conceito de NFV não elimina a estrutura física, mas facilita a vida de quem administra esses ativos, pois atua diretamente nos nós das redes, acionando atividades de forma remota e via software e eliminando a necessidade de intervenção local de técnicos. Do lado do usuário final funciona como um serviço sob demanda: o cliente poderia fazer um upgrade do pacote de dados que utiliza diretamente no portal da operadora. O processo de pedido aciona automaticamente toda a cadeia, liberando o serviço e cobrando o assinante pelo novo pacote, etc.

Esse universo cor de rosa pode ter outras cores, na avaliação da pesquisa The Future of Mobile Service Delivery, realizada pelos analistas de mercado da Heavy Reading, com encomenda da F5 Networks. O desafio é exatamente implantar as funcionalidades do NFV, processo que não assusta as chamadas OTT (sigla para over the top), empresas que usam a rede das operadoras, sem necessariamente remunerá-las. É o caso da Netflix, para citarmos apenas uma. Ao contrário das operadoras, as OTT possuem data centers fortemente virtualizados, flexíveis e elásticos, enquanto as telefônicas se viram com infraestrutura em ambiente híbrido, em que nem sempre a virtualização é a regra.

Nessa guerra para chegar a tempo, a pesquisa mostra algumas conclusões importantes, caso da necessidade de se avançar no chamado CEM, sigla para gerenciamento da experiência do consumidor, de forma a fidelizar seus usuários móveis (preocupação de 55% dos entrevistados). Os gastos necessários para atualizar a infraestrutura interna são citados por 54% dos gestores de rede das operadoras. Quase metade deles (45%) “falam claramente que se preocupam com que as OTTs estão fazendo para ganhar mercado sobre o que seria, tradicionalmente, um espaço das operadoras de telecomunicações”, enfatiza o estudo.

Além de apontar os recursos de NFV como solução para não perder espaço, os gestores (72% deles) indicam que o modelo seria o melhor caminho para ter uma infraestrutura virtualizada, escalável e elástica. A má notícia é que apenas 28% dos entrevistados afirma que já contam com esse tipo de infraestrutura dentro de casa, enquanto 30% disseram estar no processo de implementação do NFV no prazo de 12 meses. Outros 30% indicaram que o prazo é maior: 18 meses. O levantamento não fala nada a respeito dos 12% restantes, mas pelo visto não ouviremos falar deles também num futuro próximo.