As perspectivas da IoT no Brasil e as vantagens de conhecê-la a fundo

Por Ricardo Simon* – 14.02.2018 – 

O interesse em torno da Internet das Coisas (da sigla em inglês IoT, Internet of Things) deixou de ser, e isso há algum tempo, uma exclusividade dos entusiastas e especialistas em tecnologia. E não é fantasia afirmar que a IoT deixou de ser uma tendência (ou uma mera previsão) para se transformar em uma realidade que promove mudanças constantes e aceleradas nos mais diversos segmentos. Entretanto, ainda são poucos os brasileiros que incorporaram esse importante recurso ao topo da transformação digital de seus negócios ou que de fato conhecem suas inúmeras possibilidades de aplicação.

A IoT pode ser definida, de modo simplista, como a comunicação máquina a máquina (M2M) via Internet. Na prática, trata-se de um ambiente que reúne informações de vários dispositivos (tais como computadores, veículos, smartphones, semáforos e quase qualquer coisa com um sensor) e aplicações (como um sistema de produção ou um sistema de controle de tráfego, por exemplo). Graças à arquitetura única da IoT, hoje é possível fazer com que esses diferentes objetos compartilhem dados e informações via sensores, dispositivos e sistemas, que, por sua vez, analisam os dados recebidos e gerenciam as ações de cada item conectado à rede. Em outras palavras, trata-se de um caminho sem volta. Se você ainda não se convenceu, é só fazer as contas. Temos, atualmente, cinco objetos conectados para cada pessoa online, gerando a incrível soma de 10 bilhões de “coisas” mantendo comunicação.

Muitas coisas em nossas vidas já gravitam em torno do espectro da Internet das Coisas. Eletrodomésticos, dispositivos médicos, automóveis e lâmpadas inteligentes, dispositivos “vestíveis” e todo tipo de equipamento industrial estão se conectando, o que gera um estimulante cenário para a inovação, para os negócios e para o poder público. Mas, ao mesmo tempo em que a IoT transforma o mundo e traz inúmeros benefícios a partir das novas possibilidades de conexão e de otimização de processos, o desconhecimento sobre suas aplicações – ao menos no Brasil – torna o desenvolvimento de competências digitais que permitam sua compreensão em uma questão de sobrevivência. Isso não é simples força de expressão. Segundo dados da consultoria norte-americana Gartner, o número de “coisas” conectadas dobrará nos próximos dois anos, e a IoT será a mola propulsora da economia global até 2025. Num país como o nosso, em que os principais setores que investem nessa tecnologia são saúde, indústria, agricultura e infraestrutura urbana, conhecer ao menos o mínimo sobre a IoT transcende a mera atualização profissional e torna-se um diferencial competitivo.

É preciso ter a mente aberta para vislumbrar todas as possibilidades que a Internet das Coisas tem a oferecer ao Brasil. Uma delas gravita em torno  das soluções para a área rural e para a indústria de base, dois setores que em breve possivelmente integrarão programas de investimento do BNDES. Se isso acontecer, será por conta do Plano Nacional de IoT, um documento elaborado em conjunto pela instituição e pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações que detectou nesses segmentos (responsáveis por grande parte do PIB nacional) uma alta capacidade de desenvolvimento. Os serviços baseados em IoT também merecem atenção, uma vez que terão influência direta na experiência do cliente em sua jornada de consumo. E consumo, como sabemos, não só é a mola mestra da economia, como também a razão de existência de muitas coisas – inclusive da IoT.

* Ricardo Simon é diretor geral e head de vendas Latam da Telit.