Primeira aeronave sem piloto e para áreas urbanas sai do papel

Da redação – 25.08.2016 –

O ineditismo do Supi está na sua produção local, no Brasil. Projeto é da XMobots, criada por ex-alunos da USP em 2004 e cuja fábrica fica em São Carlos, interior de São Paulo.   

Depois de doze anos e três modelos de aeronave remotamente pilotada (RPAS, da sigla em inglês), a XMobots ganha novas asas com o Supi. O veículo diferencia-se das outras RPAS da da empresa por ser o primeiro focado em áreas urbanas e não regiões rurais ou segmentadas. Com produção local, a aeronave poderá sair do chão sem precisar do Notam, documento da Aeronáutica que libera a aeronave e que deve ser expedido pelo menos sete dias antes do voo.

“Os entendimentos com o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DCEA) e com a Agência Nacional de Aviação Comercial (Anac) estão adiantados”, informa Giovani Amianti, CEO da XMobots. Ele destaca que o projeto está sendo desenvolvido com apoio do Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE) da agência paulista Fapesp.

O pedido de liberação do Notam, segundo a empresa teria sentido porque a integração com o espaço aéreo é realizada pelo controlador do voo, exigindo que a aeronave esteja equipada com uma série de sistemas e controles. Ou seja, que o controlador possa ‘enxergá-la’

Echar tem autonomia de 90 minutos e envergadura de 2,1 m.
Echar tem autonomia de 90 minutos e envergadura de 2,1 m.

Com o Supi, a XMobots aumenta seu portfólio, que foi inaugurado com o Apoena em 2009. Dois anos depois, o equipamento foi usado para o mapeamento e quantificação do desmatamento em torno da Usina Hidrelétrica de Jirau. A construção no Rio Madeira, em Rondônia, representou o primeiro contrato comercial da empresa.

A experiência de 18 meses do Apoena foi a base do desenvolvimento da segunda RPAS, o Nauru 500A, substituto natural do primeiro em missões na Amazônia. Em 2013, a Anac concedeu o Certificado de Autorização de Voo Experimental (Cave) para que o Nauru voasse em áreas segregadas. A evolução do modelo gerou o Nauru 500B, com autonomia de até 10 horas, massa de 25 kg e envergadura de 3,5 metros.

O passo mais arrojado tinha sido dado dois anos antes com a ativação da fábrica em São Carlos (SP), com a produção de uma aeronave a cada 3 meses pela equipe de dez pessoas. A partir de 2012, softwares para mapeamento (aerotriangulação) em 3D abriram para os RPAS da XMobots para o mercado de topografia. De olho nessa oportunidade, a fabricante  desenvolveu o Echar 20A. Seria o primeiro RPAS brasileiro completamente automático e o primeiro automático a obter Cave da Anac.

Em 2014, com a possibilidade de utilizar RPAS na agricultura de precisão, a empresa lançou o Arator, com apenas 3,2 kg e um projeto aeronáutico inovador. “O primeiro do mundo a utilizar sistema de pouso invertido, o que protege as câmeras da aeronave”, segundo a XMobots.

Em resumo: o Nauru atende a demandas de clientes com áreas superiores a 10 mil hectares, o Echar é utilizado para áreas entre 1 mil e 10 mil hectares e o Arator cobre áreas abaixo de 1 mil hectares. Na avaliação da empresa, o uso de sensor multiespectral permite observar falhas no plantio, quantificação do número de plantas e identificação de plantas invasoras, além de correções.

No ano passado, 60% do faturamento da XMobots vieram da agricultura de precisão. Atualmente, os RPAS são operados por clientes, agrônomos, topógrafos ou engenheiros. “O equipamento é automático, não necessitando de habilidade do piloto. O Nauru 500B, por exemplo, decola com catapulta e pousa com paraquedas. Só precisa de operador”, afirma Giovani Amianti, CEO da empresa.