Retração de vendas de equipamentos para construção pode chegar a quase 58%

Por Nelson Valêncio – 12.11.2015 – 

Projeções para 2015 foram anunciadas ontem, pela Sobratema, em São Paulo. A categoria de motoniveladoras tem a maior queda, com estimativa de 86,6%. Segundo entidade, a retração continua – em níveis menores – no ano que vem. Recuperação deverá começar em 2017.

O ano ainda não acabou, mas para o setor de equipamentos para construção e mineração, os dados assustam. Com uma recuperação prevista para começar em 2017, o segmento vai precisar reinventar-se para atravessar o período intermediário de vacas magríssimas. Segundo a Sobratema – Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração – a retração das vendas de máquinas deve ser de 57,8% em 2015. A projeção é de que sejam comercializados 26,5 mil equipamentos, um número bem abaixo dos 62,8 mil negociados no ano passado. As informações fazem parte do estudo executado pela entidade, com coordenação do economista Brian Nicholson. A atual desaceleração da economia, inclusive com previsão de PIB negativo, é um dos principais fatores da queda, aliada ou misturada com a crise política. Os respingos do processo continuam em 2016, com a estimativa de retração de 2% em relação a 2015 (que já será um ano ruim).

A pesquisa ouviu cerca de duas dúzias de empresas fabricantes, universo um pouco menor do que as cerca de 36 entrevistadas no levantamento, e está dividida em dois grupos: linha amarela (equipamentos de movimentação de terra) e demais máquinas. No primeiro segmento, a redução de vendas deverá ser, em média, de 50% e o tipo de equipamento menos afetado é o de miniescavadeira (23,7%). A maior queda, como já se falou, acontece na categoria de motoniveladoras, cuja retração é de 86,6%. O número, nesse caso, também tem o peso das compras feitas pelo governo federal e que supriram várias prefeituras ao longo dos últimos anos. No grupo das escavadeiras hidráulicas – equipamento bastante demandado – a diminuição de vendas acontece, mas fica abaixo da média (39,6%).

No universo de outras máquinas, o baque é maior, com uma redução média de 61% em relação a 2014. O maior estrago acontece no segmento de plataformas aéreas – que literalmente vai ao chão – com uma retração de 75,5%. Já os manipuladores telescópicos (telehandlers) serão pouco afetados (2,9%). O vilão da história, no segmento de construção, no entanto, foi a categoria de caminhões rodoviários, cuja expressiva diminuição prevista de 64,4% puxa os números para baixo. Esse grupo de máquinas continuaria, na avaliação da pesquisa, a ter uma redução em 2016, porém em nível menor: 1,7%.

E por falar no próximo ano, a avaliação da Sobratema é que a linha amarela continua em crise, com uma diminuição de 3,7%. Apesar disso, alguns segmentos começam a sair do processo. É o caso dos tratores de esteira e dos compressores portáteis, cuja estimativa de crescimento médio é de 13%. Já os fabricantes de guindastes também avaliam uma melhora, com recuperação de 11% sobre os resultados de 2015. A avaliação da Sobratema – corroborada pela apresentação da economista Amaryllis Romano, da Tendências Consultoria Econômica, presente ao lançamento do estudo – é que o mercado comece a se recuperar em 2017.