O que o provedor precisa saber para vender seu negócio

Redação – 09.12.2021 – Especialistas debatem fusões e aquisições no mercado de provedores regionais durante Encontro Nacional Abrint 2021

De acordo com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), o número de provedores de Internet (ISPs) no Brasil chegou a 11,4 mil em 2021. Entre 2015 e 2020, a taxa de crescimento anual composta de novos provedores alcançou 15%. O mercado, no entanto, começa a passar por uma consolidação, com o aumento de fusões e aquisições. Só entre janeiro e maio deste ano, foram R$ 20 milhões em transações do tipo. 

Mas se um provedor tem o interesse de vender sua operação, ele precisa primeiro estabelecer alguns parâmetros. Tulio Barbos Gomes, fundador do fundo TBG Investimentos e CEO da MK Solutions, afirma que um provedor não tem um valor pré-definido. Primeiramente, ele sofre a influência da demanda dos compradores e do interesse no mercado em que ele atende. Se ele atende uma área valorizada e sem concorrência, o valor de uma aquisição pode ser maior do que em um local com muitos provedores. 

Gomes, que palestrou no Encontro Nacional Abrint 2021, destaca a necessidade de organização de um provedor na hora de vender seu negócio. É preciso destacar que a taxa de perda de clientes precisa ser medida com uma base de cálculo anual, já que as mensais, por menor que sejam, podem gerar distorções se não forem vistas ao longo de um ano. 

Também há uma série de letrinhas que o provedor precisa saber, como o Custo de Aquisição de Clientes (CAC) e o valor de tempo de vida (LTV, na sigla em inglês) de um negócio. Junto com isso, ter uma noção da capacidade de crescimento e margem do lucro da empresa são bons indicadores para poder barganhar lá na frente. O especialista também destaca a necessidade de conhecer os concorrentes para traçar melhores estratégias.  

Cenário econômico ruim exige maior aproveitamento de oportunidades 

O tema também foi debatido em um painel apresentado ontem (8/12) no mesmo evento da Abrint. Leonardo Moura, sócio da XP Investimentos, destacou que o cenário econômico brasileiro não favorece o setor. A inflação alta combinada com o dólar também alto gera uma dificuldade para o provedor, que se vê pressionado por investimentos e por uma margem menor de lucro. 

Por isso, Valder Nogueira, diretor administrativo de investimentos do Santander, destaca que o provedor não precisa apenas se concentrar em aquisições de concorrentes ou mesmo parceiros. Com o aumento da dependência da tecnologia, outros negócios que complementem o serviço de um provedor podem ser interessantes, como empresas de edge computing.