5G revoluciona logística em armazém da Huawei no interior de SP

João Monteiro – 09.12.2021 – Digitalização do local trouxe 25% a mais de eficiência operacional e eliminou todos os erros operacionais 

A história de que o 5G ia trazer uma revolução para as empresas aos poucos vai se tornando real. Esta semana foi a vez da Huawei apresentar seu caso de sucesso realizado em seu centro de distribuição em Sorocaba (SP). No armazém da Huawei foi desenvolvida uma rede 5G non standalone (NSA) privada (obtida com autorização da Anatel e fornecida pela Vivo) para chegar ao que chama de Logística 4.0, que utiliza robôs autônomos, Internet das Coisas (IoT), entre outras tecnologias, para integrar o digital ao físico. 

Em um espaço de 22 mil m2, 12 antenas foram dispostas para conectar até 300 dispositivos. Entre eles, o que mais chama a atenção é o AGV (autonomous guided vehicle), um pequeno carrinho autônomo usado para carregar palets e prateleiras com produtos. Capazes de aguentar 800 quilos, ele transporta as cargas do armazém da Huawei de um lado para o outro de acordo com sua programação, parando quando algo ou alguém aparece em sua frente e indo se carregar sozinho quando necessita de bateria. 

Emerson Oliveira, diretor de Logística e responsável pelo CD da Huawei, explica que há uma programação que garante a operação de todos os 12 AGVs em conjunto. Eles trabalham de acordo com a demanda da distribuição e, caso haja muito trabalho, os robôs sabem que precisam carregar apenas um pouco de sua bateria para manter a produtividade. 

Os AGVs foram uma das iniciativas que ajudou a Huawei a alcançar uma melhoria de 25% na eficiência operacional geral. Mas o projeto de digitalização como um todo trouxe ainda mais ganhos, como a redução de 30% no ciclo de produção, a melhoria de 20% no giro de estoque e a eliminação total de erros operacionais e do uso de papel. 

Outros resultados observados no estudo de caso foram: maior controle do armazém e do estoque da Huawei; monitoramento amplo dos veículos; minimização de problemas com a observação contínua dos veículos que identificaram falhas mecânicas antes que acontecessem e ampliação das conexões sem fio. 

RFID e seu papel na logística 

Outra tecnologia que mudou o trabalho dentro do armazém da Huawei foi a etiqueta RFID. Até podem ser menos chamativas que um robô autônomo, mas foi o RFID que ajudou a otimizar e eliminar erros operacionais. Oliveira destaca que a tecnologia é usada tanto no recebimento quanto na expedição, além da contagem de estoque. 

No primeiro, tudo que entra no centro de distribuição recebe uma etiqueta, para já entrar no sistema de forma digitalizada. Os palets também são etiquetados e o RFID é lido por um sensor na própria empilhadeira, que vai indicar ao operador onde deve ser guardada a carga. 

Essa etiqueta também vai ajudar na hora da contagem, que no galpão da Huawei é feita a cada três meses. O mesmo leitor da empilhadeira vai passar de prateleira em prateleira lendo as etiquetas, o que leva em torno de duas horas para ser feito – quando se leva em conta apenas o estoque de matéria prima. 

“Apenas esse processo, levava em torno de dois dias”, conta Oliveira. A contagem de todo o centro de distribuição agora leva metade do tempo para ser realizada. “Caiu de quatro dias para dois”, garante o diretor de Logística. 

Por fim, na expedição, as etiquetas RFID garantem que o produto certo está sendo enviado para o cliente correto. Na hora de passar a carga para o veículo a fazer a entrega, leitores RFID dão o ok para o pessoal que está fazendo o transporte. Sem essa autorização, o produto não pode sair do centro de distribuição, o que eliminou o erro no processo. 

Oliveira diz que o trabalho da Huawei agora é buscar um fornecedor nacional de RFID. Hoje, as etiquetas vêm da China, mas já há conversas com uma empresa de Sorocaba para que seja possível adquirir o insumo no mesmo preço ou até mais barato. 

White paper: forma de espalhar o conhecimento 

O projeto do armazém conectado surgiu há cerca de dois anos e começou a ser implementado em meados de 2020. Sabendo da importância da iniciativa, a Huawei pedir a ajuda da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e da Associação Brasileira de Logística (Abralog) para desenvolver um white paper que servisse de norte para projetos semelhantes em outras empresas. 

Ontem, foi o lançamento oficial do documento. O presidente da ABDI, Igor Calvet, comentou que o white paper oferece informações importantes de práticas de uso do 5G pela área de logística. “Funciona como um guia, que pode ser utilizado como referência por todas as empresas do setor.” 

Atilio Rulli, diretor sênior de Relações Públicas e Governamentais da Huawei, aponta que essa é uma forma de fomentar o uso de tecnologia em ambientes industriais e aumentar a produtividade da indústria brasileira. Além de, claro, aumentar o interesse nas soluções da Huawei. “Queremos realizar projetos similares em outras empresas, que devem ser tocados por nossos clientes e parceiros, que são as operadoras e provedores de Internet.” 

Mas por que usar o 5G? Segundo Oliveira, diretor de Logística do armazém da Huawei, o 5G traz a baixa latência que o Wi-Fi não tem, garantindo a segurança da operação, principalmente dos AGVs. Os robôs autônomos, inclusive, não contam com um chipset 5G, mas com uma CPE 5G, que converte o sinal do 5G em Wi-Fi para eles operarem com maior segurança. 

Os próximos passos do projeto começam a ser definidos agora. Em janeiro, empilhadeiras autônomas devem começar a operar no galpão, enquanto o uso de drones para realizar o inventário vai passar a ser estudado. Já a migração para uma rede standalone está descartada, pelo menos por enquanto, segundo Oliveira.