Bolsonaro afugenta investimento estrangeiro em infraestrutura, afirma especialista

Redação – 10.05.2022 – Investimento estrangeiro em infraestrutura e concessões não cresceram nos últimos três anos, impactados por falta de ação do governo federal e de políticas ambientais

A atuação do governo do presidente Jair Bolsonaro não é atrativa para os investidores externos. Segundo Claudio Frischtak, sócio e gestor da Inter B Consultoria Internacional de Negócios, a falta de investimentos em projetos de longo prazo de infraestrutura pelo governo federal não anima a entrada de novos investidores internacionais. 

O especialista, ouvido pelo jornal Folha de São Paulo, diz que os erros do governo Bolsonaro se encontram nos bilhões de reais atrelados a emendas do relator na Câmara dos Deputados; às áreas técnicas de agências reguladoras ocupadas por indicações políticas e a piora dos indicadores de sustentabilidade ambiental. Junto aos problemas estruturais do Brasil, como insegurança jurídica e tributação elevada, o investimento estrangeiro em infraestrutura é afastado. 

A Carta de Infraestrutura da Inter B, que faz balanço dos investimentos nos últimos anos e projeções para 2022, traz os números: o setor público investiu, em média, cerca de R$ 46 bilhões ao ano em infraestrutura de 2018 a 2021, e o setor privado, R$ 94 bilhões em média. Nos três anos anteriores, de 2016 a 2018, a média do setor público foi de R$ 57 bilhões, e a do setor privado, praticamente os mesmos R$ 94 bilhões. Ou seja, enquanto o investimento público teve queda de 19%, o privado ficou igual.  

Frischtak diz que, nos últimos três anos, o Brasil sofreu destruição reputacional no exterior por não conseguir acompanhar a mudança de mentalidade que está ocorrendo nos negócios. Os principais investidores do mercado, como empresas e fundos, estão incluindo o meio ambiente na análise de retorno do investimento, algo que ainda é ignorado pelo governo. 

Segundo ele, para complicar, o governo reduziu o investimento em infraestrutura, considerado um indutor do investimento privado, e liberou parte do Orçamento para o Congresso. Ou seja, sem investimento público, sem interesse privado. 

Para o especialista, a qualidade do investimento público sofreu um enorme retrocesso com a adoção das emendas do relator como uma forma de financiar obras públicas. Em sua visão, a distribuição do dinheiro público é fragmentada quando feita dessa forma e acaba indo para obras que não tem nenhuma avaliação sobre relevância e retorno.