Geradores a hidrogênio chegam à construção civil

Rodrigo Conceição – 06.06.2022 – A busca pela emissão zero de gases de efeito estufa tem sido uma jornada para vários setores, inclusive o de infraestrutura. Uma nova iniciativa da Acciona mostra, na prática, que é possível avançar nessa área com uso de tecnologia. A gigante espanhola acaba de adotar uma solução inédita, que é o uso de gruas – também conhecidas como guindastes de torre – com geradores de hidrogênio portáteis. Os geradores inovadores substituem equipamentos tradicionais movidos a combustíveis fósseis, principalmente diesel, um dos grandes vilões contra a emissão zero.

Esta é a primeira experiência no sector da construção a nível mundial na utilização deste tipo de gerador portátil à base de hidrogênio com uma gama de potências (100 kW) capaz de alimentar equipamentos auxiliares e máquinas de obra. Segundo a própria Acciona, seu papel nesse projeto é liderar a validação da tecnologia, que está sendo aplicada nas obras de construção do novo Complexo Penitenciário Norte III em San Sebastián (País Basco, norte de Espanha). O projeto foi ganho, no ano passado, por uma joint-venture envolvendo a Acciona.

O desenvolvimento e validação deste primeiro protótipo de um gerador de eletricidade portátil de 100 kW para a grua, usando hidrogênio como combustível, faz parte da fase de demonstração do projeto de inovação ‘Everywh2ere’, no qual a empresa participa juntamente com outros 12 parceiros europeus. A ideia é operar a grua durante três meses somente com o novo gerador. O projeto é financiado pela Comissão Europeia, por meio da iniciativa Fuel Cell Hydrogen Joint Undertaken (FCH JU) que tem uma lista extensa de iniciativas.
A segunda edição da Semana Europeia do Hidrogênio reuniu mais de 2.000 participantes dos setores público e privado em toda a Europa e além para analisar o progresso e antecipar novas oportunidades para a produção e uso de hidrogênio em toda a economia.

A FHU JU, por exemplo, está por trás do Clean Hydrogen Partnership, recém-lançado e que é resultado de uma base de 13 anos de cooperação entre os setores público. Segundo a entidade, espera-se que a cadeia de valor do hidrogênio empregue mais de um milhão de pessoas até 2030 e cinco vezes mais até 2050. O desafio é encontrar esses trabalhadores qualificados e os treinadores. E estamos falando somente da União Europeia. Os países da região são líderes em tecnologia de eletrolisadores e têm financiamento e capacidade para escalar até a capacidade de GW na avaliação da entidade.

Entre os projetos dos 15 estados membros estariam 9,3 mil milhões de euros para a absorção de hidrogênio nos seus planos de recuperação da Covid-19. O pacote do mercado do hidrogênio e do gás descarbonizado da Comissão estabelece regras para dar segurança aos investidores e garantir a expansão dos projetos, promover o planeamento integrado do sistema energético e promover o envolvimento dos consumidores. Outro anúncio mais consistente é do Banco Europeu de Investimento, que pretende mobilizar 1 trilhão de euros em projetos de ação climática até 2030.