Mineração melhora no 3º trimestre, mas ainda apresenta declínio na comparação anual

Redação – 17.11.2022 – Receita do setor no Brasil foi 33% maior na comparação com o segundo trimestre de 2022, mas ano de 2021 foi melhor 

De acordo com números do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), a indústria de mineração no terceiro trimestre de 2022 (3T2022) chegou a R$ 75,8 bilhões de receita, 30% a menos do que o registrado no mesmo período do ano passado, quando registrou R$ 108,7 bilhões. A boa notícia é que o faturamento foi 33% maior que o segundo trimestre de 2022. 

No período de um ano, houve destaque para as quedas nos preços de commodities – principalmente do minério de ferro, que é líder em produção e em exportação entre os minérios. 

Isso é importante porque a produção mineral brasileira cresceu 3% em toneladas no 3T22 na comparação com igual período de 2021 (3T21): passou de 355 milhões para 365 milhões de toneladas. Este valor é uma estimativa do IBRAM, em razão de a Agência Nacional de Mineração (ANM) ainda não ter divulgado os dados oficiais. 

O Ibram já indica que o desempenho do setor no 3T22 representa uma evolução em relação ao segundo trimestre, porém, sinaliza que o fechamento do ano será aquém dos resultados de 2021.  

A redução da produção e da demanda de aço na China é um dos fatores que influencia o preço do minério de ferro e, consequentemente, o desempenho da mineração brasileira em termos de produção e exportação. Restrições à produção industrial na China em razão da covid-19, fenômenos climáticos, como tufões e chuvas intensas, também influenciam o mercado e a produção de aço naquele país, principal consumidor de minério de ferro brasileiro – entre outros minérios. 

As consequências do conflito na Ucrânia também estão prejudicando os mercados, acrescenta o Ibram, com reduções na oferta de minério e crise de energia reduzindo a produção de aço na Europa. 

Investimentos no Brasil 

O Ibram também destaca que no período 2022-2026 a indústria da mineração irá investir US$ 40 bilhões no Brasil, sendo cerca de US$ 4 bilhões em investimentos socioambientais. Em termos de empregos, de janeiro a agosto o setor criou mais 5,6 mil vagas, totalizando 203,8 mil vagas diretas, segundo dados oficiais (Novo CAGED). De janeiro de 2021 a agosto de 2022 são 18.313 vagas criadas. 

Faturamento por minério 

Em termos de faturamento, o minério de ferro representou, no 3T22, 64% do faturamento total da indústria da mineração. O desempenho de faturamento desse minério apresentou queda de 43%, sendo R$ 48,2 bilhões no 3T22 e R$ 85,1 bilhões no 3T21. Na comparação com o 2T22 o faturamento cresceu 35%. Importante observar que o preço médio desse minério apresentou queda de 37,3% no 3T22 na comparação com o 3T21. 

O faturamento relacionado ao ouro no 3T22 caiu 4%. Foi de R$ 6,4 bilhões no 3T21 e de R$ 6,2 bilhões no 3T22 (na comparação com o 2T22 o faturamento cresceu 20%). O ouro representou 8% do faturamento da indústria mineral no 3T22. O preço médio do ouro apresentou queda de 3,5% no 3T22 na comparação com o 3T21. 

O cobre teve queda de 13% no faturamento. Ele baixou de R$ 4,6 bilhões no 3T21 para R$ 4 bilhões no 3T22 (na comparação com o 2T22 o faturamento cresceu 39%). O cobre respondeu por 5% do faturamento total no 3T22. O preço médio do cobre apresentou queda de 19,3% no 3T22 na comparação com o 3T21. 

Comparativamente ao 3T21, calcário dolomítico (35%), bauxita (51%) e granito (46%) apresentaram altas expressivas em faturamento no 3T22: R$ 3,2 bilhões; R$ 1,8 bilhão; R$ 1,5 bilhão, respectivamente. 

Exportações de minérios declinam e importações aumentam no 3T22 

O saldo mineral, que é a diferença entre exportações e importações de minérios, teve queda no 3T22 em relação ao 3T21: 56,40% menor, em dólar; as exportações declinaram 36,8% e as importações cresceram 86,7%. O saldo mineral (US$ 6,8 bilhões) equivale a 51% do saldo Brasil (US$ 13,4 bilhões) no 3T22. É um resultado que representa evolução em relação ao 2T22, já que naquele período a equivalência se situava na casa dos 34%. Porém, representa uma queda em relação ao 3T21, quando ele equivalia a 81% do saldo Brasil. Outro fator a ser considerado para calcular essa equivalência é a queda de 31,4% no saldo comercial brasileiro no 3T22, que totalizou US$ 13,4 bilhões (era US$ 19,5 bilhões no 3T21). 

Em relação ao 3T21, o Brasil faturou menos nas exportações minerais – pela queda nos preços das commodities minerais –, porém, exportou 1,3% a mais em toneladas de minérios no 3T22: 105 milhões. Assim, as exportações de minérios totalizaram US$ 11,6 bilhões no 3T22, 36,8% abaixo do total no 3T21 (US$ 18,4 bilhões e 103,7 milhões de toneladas). As exportações ficaram estáveis, em dólar, em relação ao 2T22 (+0,4%). 

No 3T22, o minério de ferro foi responsável por 70,5% das exportações, em dólar; ouro, cobre e nióbio foram responsáveis por 11%, 7% e 4,3%, respectivamente.