Energia nuclear: evento discutiu como essa fonte pode crescer no Brasil

Redação – 17.11.2022 – Anseio ambiental é o principal ponto positivo da energia nuclear, que precisa de apoio governamental e da iniciativa privada para crescer 

O XIII Seminário Internacional de Energia Nuclear, realizado na sede da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) na última quinta-feira (10/11), estipulou três pontos para que a energia nuclear ganhe maior destaque no Brasil: apoio do governo, da iniciativa privada e de menos entraves burocráticos. 

No último dia, foi realizado o 5º Encontro de Comunicação no Setor Nuclear, cujo objetivo foi encontrar caminhos para explicar os vários benefícios da energia nuclear e diminuir sua fama de vilã do meio ambiente. Segundo os especialistas que participaram do evento, a energia atômica é limpa, segura, pode e deve contribuir para a transição energética pela qual passa o planeta. 

“A energia nuclear é o aluno nota 10. É limpa, segura, mas não é bem aceita. A emissão de gases que ela causa é inferior ao da energia solar”, disse Larissa Pinheiro, representante da ONG Mulheres do Setor Nuclear, e CEO da startup Radion. Ela lembrou que 75% da emissão de gases de efeito estufa tem origem na produção de energia. “Mudança climática é sobre a qualidade de vida das pessoas. E a energia nuclear pode contribuir”, disse. 

Rodrigo Polito, jornalista e consultor editorial na Plataforma Megawhat, diz que há um caminho positivo para a energia nuclear por causa dos problemas que enfrentamos com o clima. “Se a batalha é a mudança climática, não há como não considerá-la”, argumentou. 

Carlos Leipner, diretor de Estratégia Nuclear Global da Clean Air Task Force, pondera que a ferramenta da energia nuclear não é a única saída, mas ela não pode ser ignorada. “Em uma década, a França mudou a sua matriz de energia. Cerca de 70% vêm de usinas nucleares. Então é possível, caso se queira investir”, disse.  

Desconhecimento traz fama de má à energia nuclear 

A assessora de comunicação do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), Ana Paula Artaxo, avalia que o tema atrai a imprensa quando acontece algo negativo, como acidentes. Ela analisa que o período da pandemia, porém, reafirmou a importância da ciência para grande parcela da população. Ana concorda que a comunicação é um dos caminhos necessários, mas defende a inclusão da educação científica no currículo escolar. 

Quase ninguém sabe que no Brasil há um grupo trabalhando com fusão nuclear. Gustavo Paganinni Canal, do Laboratório de Física de Plasmas do Instituto de Física (IF/USP) explicou que o trabalho está previsto no Programa de Fusão Nuclear, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, que reúne 25 pesquisadores de diversas áreas. 

A ideia é desenvolver tudo no Brasil, sem trazer nada do exterior. Desenvolver tecnologia nacional. Já há projetos desenvolvidos, prontos para o mercado, mas a indústria nacional resiste. “O desenvolvimento de bobinas supercondutoras é crucial para a fusão nuclear, mas também é de grande interesse para outras áreas. O mundo hoje investe US$ 4,8 bilhões na pesquisa de fusão nuclear; 2% são públicos, o restante é privado”, calcula.