ISPs são o principal motor para a inclusão digital no Brasil, afirma especialista

Redação – 22.11.2022 – Executivo da Fibracem explica papel dos ISPs na expansão do acesso e como indústria pode ajudá-los a manter investimentos 

A chegada do 5G no Brasil abriu debate sobre a inclusão digital. Apesar das operadoras móveis terem metas de cobertura do 5G e do 4G para serem cumpridas, ainda há a questão do acesso à Internet chegar em regiões mais distantes do País. De acordo com o gerente técnico da Fibracem, Sebastião Rezende, hoje os provedores de Internet (ISPs) são os grandes responsáveis por prover e levar o serviço de internet às pessoas que estão nas regiões geográficas mais distantes dos grandes centros. 

“Isso coloca os provedores de Internet como os encarregados por uma importante fatia de mercado quando o assunto é distribuição do acesso à internet de qualidade e por fibra óptica no Brasil”, ressalta. 

No entanto, alguns desafios ainda são sentidos de perto e por grande parte dos provedores regionais, como é o caso da falta da previsibilidade de investimentos que possibilitam levar a fibra óptica até às localidades mais distantes. 

“Essas regiões, que têm poucas residências e, com isso, uma quantidade pequena de possíveis clientes, por exemplo, acabam sendo encaradas pelo ISPs como uma aposta de mercado, uma vez que as grandes operadoras não atuam nestas localidades”, diz. “Ou seja, elas [regiões] ficam a cargo dos provedores de internet”, complementa. 

As fabricantes que atuam no mercado de telecom atuam mais como coadjuvantes, reconhece Rezende, mas ainda assim com papel crucial para a democratização da internet no Brasil. Para ele, fatores como facilidade de crédito, variedade de opções nas formas de pagamento e, sobretudo, viabilizando preços competitivos e ajustados à realidade do mercado colaboram para que os provedores de internet tenham fôlego financeiro para manter os investimentos.  

Redes neutras como aliadas 

Presenciada nos últimos anos como um dos grandes responsáveis pelo fenômeno exposto como Economia Compartilhada dentro do segmento, a modalidade tem sido enxergada como uma alternativa valiosa para o progresso da comunicação óptica e, consequentemente, para a evolução da inclusão digital no Brasil. 

Segundo Rezende, o conceito de rede neutra é simples: um proprietário de uma rede óptica, que passa um cabo de alta capacidade, ou seja, com muitas fibras, por uma região, aluga frações dessa mesma fibra para provedores de internet que não têm infraestrutura própria naquela determinada localização. 

“As redes neutras podem apresentar diversos benefícios, tanto para o detentor, que acaba gerando renda com uma rede ociosa, quanto para o provedor de internet, que tem a possibilidade de atender a uma nova carteira de clientes em regiões onde o mesmo não possui infraestrutura de rede própria e, com isso, possibilitar o acesso à internet para mais pessoas”, finaliza.