Análise de águas residuais pode detectar precocemente novas epidemias

Redação – 05.04.2023 – Marcadores químicos e biológicos de saúde, incluindo produtos farmacêuticos e vírus, identificam possíveis epidemias de gripe ou norovírus 

Uma pesquisa internacional sobre águas residuais aponta que o monitoramento de rotina nas obras de tratamento de esgoto pode servir como um sistema de alerta precoce para epidemias. O estudo analisou o esgoto de 10 cidades no Reino Unido, com apoio de pesquisadores da Universidade de Bath, da Universidade de Bangor e da Agência de Segurança de Saúde do Reino Unido. 

Segundo os cientistas, com base em marcadores químicos e biológicos de saúde, incluindo pesticidas, produtos farmacêuticos e vírus causadores de doenças, é possível identificar possíveis epidemias de gripe ou norovírus prestes a acontecer, alertando os hospitais para se prepararem e fornecendo às agências de saúde pública informações vitais sobre a população. 

Os pesquisadores coletaram amostras de cada local em intervalos de uma hora ao longo de 24 horas em nove dias em novembro de 2021. As amostras de cada dia foram reunidas antes de serem processadas e analisadas quanto a vestígios de marcadores químicos usando técnicas de espectrometria de massa. 

As amostras também foram analisadas para detectar qualquer material genético de vírus (SARS-CoV-2, norovírus e adenovírus). A área total de captação de amostragem equivalia a uma população de cerca de 7 milhões de pessoas. 

Identificando surtos de doenças 

Os pesquisadores detectaram surtos localizados de norovírus, covid-19 e gripe, mas também puderam correlacioná-los com picos no uso de analgésicos de venda livre, como o paracetamol. Segundo os cientistas, como a maioria das pessoas tenta realizar um tratamento em casa a partir de remédios adquiridos em farmácias, encontrar grandes picos de paracetamol no esgoto pode indicar que há um surto de doença infecciosa na comunidade. 

Os resultados indicam que a análise de águas residuais em grande escala dessa maneira, apelidada de “epidemiologia baseada em águas residuais”, pode detectar novos surtos de doenças nas comunidades desde o início, antes que grandes números fossem internados em hospitais. 

O estudo mostrou que apenas 10 amostras diárias de 10 estações de tratamento de águas residuais são necessárias para fornecer informações anônimas e imparciais sobre a saúde de 7 milhões de pessoas. Isso seria muito mais barato e rápido do que qualquer processo de triagem clínica, defende a pesquisa.  

Pesquisa também detectou químicas em águas residuais 

Usando análises químicas altamente sensíveis, os pesquisadores também foram capazes de dizer quais produtos farmacêuticos passaram pelo corpo humano ou foram descartados diretamente no sistema de esgoto. Eles também puderam identificar se produtos químicos, como pesticidas, foram ingeridos por meio de alimentos ou foram levados para o sistema de águas residuais a partir de terras agrícolas. 

A equipe observou que as diferenças nos níveis de marcadores químicos dependiam principalmente do tamanho da população na área de captação, no entanto, havia alguns valores discrepantes. 

Por exemplo, em uma cidade, havia uma concentração muito maior de ibuprofeno encontrada na água, em comparação com outras cidades, sugerindo descarte direto de resíduos industriais. 

Fonte: Water Online.