Evento aponta sinergia entre setores óleo e gás e eólico na transição energética

Redação – 03.05.2023 – Indústria petrolífera traz know-how, recursos para financiamento de projetos e cadeias produtivas estruturadas capazes de dinamizar o desenvolvimento da geração eólica offshore no Brasil 

A sinergia entre as indústrias eólica offshore e de óleo e gás vai desempenhar papel fundamental para a transição energética no Brasil, uma vez que o ponto de partida para essa transformação depende de recursos e know-how do setor. A afirmação foi o mote da 4ª edição do evento Diálogos Estratégicos – Economia, Política e Energia – realizado pelo IBP em parceria com o IBRE/FGV. 

Fernanda Delgado, diretora-executiva corporativa do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), esclarece que os recursos do setor de energia financiarão os custos de operação para viabilizar a transição energética. Além disso, o conhecimento da indústria em instalações em alto mar servirá ao desenvolvimento do setor eólico offshore do País. 

Sandro Yamamoto, diretor técnico da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), a experiência do setor brasileiro, iniciada em 2009, mostrou que os ventos brasileiros estão entre os melhores do mundo, mais constantes e unidirecionais, característica que são traduzidas em um bom preço da energia elétrica vendida ao consumidor. O executivo citou o Ceará, que abriga, hoje, uma fábrica de pás eólicas com 7 mil postos de trabalho, sendo uma das cinco maiores empregadoras daquele estado. 

Segundo estudo da ABEEólica, cada 1 GW de geração de energia eólica offshore explorada no País pode viabilizar até 14.600 postos de trabalho ao longo de toda a cadeia produtiva. Os dados tornam evidente a sinergia entre a geração eólica offshore e a indústria de O&G, uma vez que aproximadamente 60% da cadeia produtiva de um projeto de energia eólica deriva da indústria de Óleo e Gás. 

Matriz energética diversificada é chave para o desenvolvimento do Brasil 

Bráulio Borges, pesquisador associado do Instituto Brasileiro de Economia (IBRE) da FGV, acrescentou, com o cenário de guerra entre a Rússia e a Ucrânia, há preocupação com a segurança energética, o que coloca a transição energética em destaque. “A guerra nos lembrou que temos que ter segurança nesta transição. Aqui, nós temos a oportunidade de promover o desenvolvimento econômico do Brasil podendo atuar em todas as fontes de energia renovável e usar isso como alavanca para o nosso desenvolvimento econômico e social”, salientou Bráulio. 

Silvia Matos, coordenadora do IBRE/FGV, lembrou que, não faz muito tempo, a discussão sobre geração de energia estava focada em petróleo e geração hidrelétrica. Esse cenário, porém, se transformou nos últimos anos. 

“Hoje, além de sermos exportadores de petróleo, a nossa matriz elétrica tem mais de 90% de renováveis, com um menor papel das hidrelétricas. Dá um certo alívio porque, na transição energética, estamos passando por questões climáticas relevantes. E a independência da geração de energia das hidrelétricas nos ajuda a permitir esse crescimento econômico menos dependente do regime de chuvas”, explicou.