Interconexão: como aperfeiçoar o interrelacionamento entre as operadoras

Marcel Zamboni* – 11.05.2023 –

Há poucas semanas, a gigante americana Meta trouxe para o noticiário uma discussão envolvendo a cobrança de taxas pelo uso das redes de telecomunicações. No Brasil, a regulação envolvendo as chamadas tarifas de interconexão é feita pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), e atende a Lei Geral de Telecomunicações (Lei 9.472/1997) que impõe a obrigatoriedade da interconexão entre as redes fixas e móveis das operadoras, de modo a que os serviços de telecom sejam prestados de forma isonômica e ordenada.

De modo geral, a interconexão consiste na tarifa paga entre as operadoras para completar chamadas (fixas ou móveis) que têm como destino redes concorrentes. Deste modo, os custos de investimento e manutenção das redes é distribuído entre as operadores, garantindo ao consumidor a qualidade e estabilidade do serviço, independentemente de a operadora ser de pequeno, médio ou grande porte.

Tendo em vista o papel importante da interconexão para o mercado e seus consumidores, a adoção de sistemas que aperfeiçoam o inter-relacionamento entre as operadoras se configura como algo fundamental, sobretudo em tempos onde investimentos em infraestrutura de telecomunicações se fazem tão necessários para que o país acompanhe as evoluções tecnológicas em curso em um mundo cada vez mais conectado.

Tecnologias como o ITB/WFMS (Interconnect Billing System e Wholesale Financial Management System) atuam como facilitadores no processo de gestão e contabilização de negócios de interconexão, transporte e air time MVNO (Mobile Virtual Network Operator) entre operadoras e parceiros que possuem relacionamento de interconexão, compra ou venda de tráfego de voz, dados e SMS.

Considerando a operação dessas empresas, o ITB/WFMS apura e tarifa todo o tráfego de interconexão entre as operadoras, atribuindo todos os parâmetros de tipo de uso e tarifação no âmbito da rede, além de prover toda a apuração da compra ou venda do tráfego de transporte tanto em redes fixa quanto móvel MVNO — que segundo um estudo da organização de pesquisa de mercado norte-americana FMI (Future Market Insights) tem perspectiva de expansão global de 7,7% entre os anos de 2022 e 2032. O MVNO, inclusive, será um dos focos da Anatel para competição no mercado móvel conforme informou Artur Coimbra, conselheiro da agência, em evento realizado em setembro de 2022.

A eficácia do processo é tamanha que empresas Tear 1, assim como a maioria das MVNO, fazem uso da tecnologia para que a declaração de tráfego, provisão fiscal, validação, contestação e encontro de contas entre operadoras sejam efetuados de forma automática dentro do sistema, trazendo mais assertividade e transparência para o interrelacionamento entre as operadoras.

Ter acesso a sistemas que operacionalizam todo o fluxo de interconexão de forma automatizada, com envio automático de e-mails, análise automatizada de tráfego, gestão de compra e venda de transporte de rede e detalhamento das receitas e despesas de interconexão, por exemplo, traz benefícios estratégicos importantes para qualquer operadora de telecomunicações, seja ela detentora de rede ou operadora virtual.

Cabe ao mercado de telecomunicações estimular a adoção de soluções avançadas como a tecnologia ITB/WFMS, promovendo um ambiente mais assertivo e transparente, com cobranças mais aderentes à realidade do mercado e reflexo positivo em algo de interesse de todos: o amadurecimento do setor e maior satisfação do público que usufrui das redes disponibilizadas no Brasil.

*Marcel Zamboni é sócio e diretor de Desenvolvimento de Negócios da VSB International.