RJ enterra mais de R$ 2 bi em resíduos que poderiam ser reciclados, aponta Firjan

Redação – 25.10.2023 – Mapeamento da Firjan mostra como se comporta o mercado da reciclagem no estado e quais são os desafios 

Em 2021, mais de 2 milhões de toneladas de resíduos sólidos pós-consumo com potencial de reciclagem foram enviados para aterros no estado do Rio de Janeiro. Esse volume representa mais de R$ 2 bilhões em recursos. A estimativa faz parte do Mapeamento de Recicláveis Pós-Consumo no Estado do Rio de Janeiro 2023, elaborado pela Firjan e que está em sua segunda edição com recorte estadual. 

Desde a triagem até a sua efetiva incorporação em novos produtos acabados, os resíduos têm potencial de gerar emprego, renda e arrecadação de impostos, defende a Firjan. A recuperação dos mais de 2 milhões de toneladas de resíduos sólidos não aproveitados seria capaz de encadear nas indústrias de fabricação de papel e papelão, de plástico e na metalurgia um investimento produtivo adicional na economia do país em torno de R$ 4,74 bilhões, além do investimento inicial de R$ 2 bilhões. 

Claro que o impacto também é ambiental. Se o volume de materiais potencialmente recicláveis que seguiu para aterro em 2021 no estado tivesse sido reciclado, teriam sido evitadas as emissões de 5,3 milhões de toneladas de carbono equivalente (t CO2eq). Esse volume equivale à fixação de carbono por mais de 37 milhões de árvores ou 22,3 mil hectares plantados: uma floresta 5,6 vezes maior do que o Parque Nacional da Floresta da Tijuca, segundno a Firjan. 

Se recuperados, os 2 milhões de toneladas de resíduos recicláveis aterrados poderiam gerar R$ 261 milhões em créditos de carbono. Além disso, outro impacto estimado é a geração de R$ 9,17 bilhões em renda e 31,9 mil novos empregos, sendo 13,8 mil diretos e 18,1 mil indiretos.  

Faltam políticas públicas

A geração total de resíduos sólidos urbanos (RSU) no estado do Rio é de aproximadamente 7,5 milhões de toneladas anuais, segundo dados do levantamento, que mostrou salto para 35,8% na separação dos resíduos pós-consumo gerados por empresas – em 2019, o índice era de 20,9%. Já a separação de resíduos sólidos urbanos, representada pelo percentual de coleta seletiva, permanece tímida: 1,3% do total. 

A capital do estado continua sendo a região que mais recicla, concentrando 50,3% dos recicláveis recebidos. O plástico se mantém como o tipo de resíduo com maior capilaridade, sendo reciclado em diversas regiões. 

Foram identificadas 266 empresas que atuam no encadeamento produtivo da reciclagem. Apesar de o quantitativo ser semelhante ao encontrado na edição anterior do estudo, 22,2% dessas empresas não apareciam na listagem anterior. 

Isso denota o dinamismo do mercado de reciclagem no estado do Rio de Janeiro, que apresenta uma rápida desmobilização ou reestruturação para receber e processar recicláveis. Essa fluidez espelha um mercado ainda incerto e que precisa de políticas públicas para se manter estável, formal e competitivo, diz a Firjan.