Engenheiras mostram resiliência na hora de liderar no canteiro de obras

Redação – 18.03.2024 – Apesar de ainda serem 20% do total de profissionais atuando na construção civil, as mulheres têm conquistado cada vez mais espaço no setor

A presença das mulheres no setor da construção chegou a 20% do total de empregados no Brasil. Até março de 2024, segundo relatório do quadro de profissionais por gênero do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), o número de profissionais ativos cadastrados é de 1.124.603, sendo 224.433 mulheres.

Apesar da disparidade, a presença de mulheres dentro de canteiros de obras vem se construindo. Dois exemplos são as engenheiras civis da Conbral, Adriana Fialho e Lorena Borges, que atualmente lideram equipes compostas em sua maioria por homens.

A história profissional de Adriana começou em 2003, ao se formar em arquitetura na Universidade de Brasília (UnB). Após trabalhar no projeto arquitetônico do residencial Ilhas do Lago, em Brasília, cuja construção foi uma parceria da Conbral, PaulOOctavio e JJPA, foi convidada a acompanhar a execução dos projetos no canteiro de obras.

Adriana Fialho, engenheira civil da Conbral (foto: divulgação).

“Lá, na vivência do dia a dia da obra, com diversos conhecimentos inexplorados, senti necessidade de adquirir maiores aprendizados para lidar com este novo ambiente de trabalho”, conta Adriana. “Portanto, o curso de engenharia foi o caminho que me daria as ferramentas necessárias nesta nova empreitada”. Então, em 2008, adicionou mais uma nova formação em seu currículo, a de Engenheira Civil. Atualmente, ela comanda uma equipe de 130 pessoas na execução do projeto do empreendimento Ennius Muniz, no Noroeste.

Já Lorena optou pela carreira como engenheira, pois a área unia o seu interesse nas disciplinas de exatas à busca por um ambiente profissional dinâmico e diversificado. Há 13 anos na Conbral, já teve a oportunidade de executar grandes obras residenciais e gerenciar a execução da sede de um grande laboratório de exames em Brasília, assim como sua respectiva unidade para exames de imagem.

“É uma profissão que exige muita coragem, resiliência e comprometimento, para que possamos lidar com todos os desafios e continuar crescendo com nosso trabalho e carreira”, comenta. Hoje, a engenheira lidera aproximadamente 50 pessoas na obra do Rodrigo Muniz Residencial, em Águas Claras.

Desafio por ser mulher

Dentro de uma área considerada masculina, as profissionais contam que já tiveram que provar o seu potencial apenas por serem mulheres. “Mas a partir do momento que você adquire experiência e conhecimento, este panorama tende a mudar. A mulher está conquistando o seu espaço no mercado da construção civil e vem alcançando novos patamares. O trabalho nesta área, como em todas as outras, depende do próprio esforço. Portanto, é importante sempre darmos o nosso melhor em qualquer área para obtermos um produto de qualidade”, afirma Adriana.

“Gerenciar uma equipe quase que totalmente masculina requer uma boa comunicação, com uma abordagem que combine firmeza e empatia, além de demonstrar constantemente competência e confiança em nosso trabalho. É essencial que a comunicação seja transparente, justa e imparcial para que possamos promover um ambiente colaborativo e uma relação de respeito e confiança com a equipe”, completa Lorena.

Lorena Borges, engenheira civil da Conbral (foto: divulgação).

Para elas é importante que mais mulheres ocupem cargos de gestão e liderança dentro das empresas. “É necessário que consigamos promover esta diversidade e inclusão para que possamos demonstrar nossa capacidade de liderança e gerenciamento, trazendo novos pontos de vistas e melhores soluções”, afirma Lorena. “Creio que uma maior variedade de opiniões, com visões abrangentes, tende a obter resultados mais assertivos. Além disso, nós temos uma percepção mais detalhista e a característica de executar diversas atividades simultaneamente”, finaliza Adriana.