Gap de investimento em infraestrutura global é de US$ 452 bilhões/ano
Da Redação – 07.10.2015 –
Estudo do Banco Mundial, recém publicado, avalia demanda de países emergentes e economias desenvolvidas, no período 2014-2020.
Divulgado no mês passado, o documento Infrastructure Investiment Demands in Emerging Markets and Developing Countries, adota dados recentes sobre investimentos em infraestrutura em nível mundial e extrapola as informações para um período entre o ano passado e os próximos cinco anos. O estudo foi escrito por Fernanda Ruiz-Nunez e Zichao Wei, ambos do grupo de Parcerias Público-Privadas do Banco Mundial. De acordo com eles, no passo atual, as economias desenvolvidas e os países emergentes chegam a 2020 devendo no quesito infraestrutura. E a conta é alta: US$ 452 bilhões por ano.
Esse valor é o gap entre os US$ 711 bilhões requeridos e o nível atual de US$ 259 bilhões. Nessa conta é preciso considerar algumas questões. A primeira delas é que os especialistas deixam a China de fora, em função de os investimentos feitos por lá estarem bem acima da média, o que contaminaria a avaliação. O segundo ponto a se destacar é o conceito de Emerging Markets ou mercados emergentes. Poucos países ficam de fora dessa classificação, caso de Granada, Belize e Bolívia na América Latina. Então, o global do título acima significa que nações como Tunísia, Timor Leste e Samoa não estão no cômputo.
Considerando a China no pacote, a demanda de investimentos anuais em infraestrutura pula para US$ 836 bilhões ou 6% do Produto Interno Bruto (PIB) anual dos países analisados. De qualquer forma, o estudo indica que para superar o gap, os cerca de 145 países que fazem parte do EMDE devem dobrar os investimentos atuais para reduzir a diferença.
Iniciativa privada só responde por 20% dos financiamentos
O que puxa a demanda por infraestrutura?
Segundo o Banco Mundial, a migração do campo para as cidades é um dos vetores.Mensalmente, 5 milhões de pessoas, em nível mundial, chegam às cidades. A urbanização tem exigido muito dos cofres públicos, considerando que 70% do financiamento das obras veem do setor público. Cerca de 20% seria oriundo da iniciativa privada, enquanto os restantes 10% são cobertos pela chamada ODA, sigla para official development assistance, classificação de 22 países doadores de recursos.
O maior gap acontece no Sul da Ásia, que apresentam uma demanda anual de US$ 309 bilhões, mas trabalham com investimentos médios de US$ 68 bilhões ao ano. A América Latina aparece com destaque, investindo US$ 41 bilhões contra uma necessidade anual de US$ 141 bilhões. O bloco formado pela Ásia Oriental e Pacífico aparece no terceiro lugar em termos de diferença, com um gap de US$ 52 bilhões. Lembrando que a China fica fora da contabilidade dessa última região.
Os países do Oriente Médio e Norte da África saíram-se melhor na avaliação: os requerimentos de investimentos totalizariam US$ 53 bilhões anuais e o nível real tem sido de US$ 52 bilhões. A região da Europa e Ásia Central (EAC) tem um gap de US$ 27 bilhões, provavelmente puxado pelo AC da sigla definida pelo Banco Mundial.
É importante destacar ainda que parâmetros foram considerados pelos pesquisadores para avaliar as demandas de infraestrutura mundial. Os indicadores incluíram desde o número de assinantes de telefonia fixa e celular (por mil pessoas) até o km de estradas pavimentadas por km2 de área.
O total de TEUs (unidades equivalentes a 20 pés), ou seja, de contêineres padrão movimentados foi outra variável analisada, ao lado de quilowatt de capacidade de geração de energia instalada per capita. Também é interessante verificar os custos destacados pelo documento para vários setores de infraestrutura. Ver tabela acima.